Com a nonchalance de um aiatolá, Bento XVI pretende definir o que se pode ou não vender nas farmácias do mundo todo. Em pronunciamento feito ontem, em uma conferência internacional, o papa afirmou que os farmacêuticos deveriam ter o direito de exercer uma objeção de consciência no caso de o medicamento a ser vendido interromper a gravidez, provocar aborto ou contribuir para a eutanásia.
Ou seja, você chega em uma farmácia com uma prescrição médica e arrisca ouvir do farmacêutico: "isso eu não vendo porque não concordo com a venda disso". Ocorre que, na Itália pelo menos, os farmacêuticos são obrigados por lei a vender os remédios prescritos por um médico. Não sei se alguém alertou o Bento. Mas Sua Santidade está conclamando os farmacêuticos a uma rebelião civil.
Livia Turco, ministra da Saúde italiana, afirmou que apesar de Bento XVI ter o direito de conclamar os jovens a serem responsáveis quanto à vida sexual deles, não poderia determinar a profissionais como os farmacêuticos o que fazer. "Não acredito que esse alerta para que os farmacêuticos sejam críticos conscientes da pílula do dia seguinte deva ser levado a sério", afirmou a ministra ao jornalCorriere della Sera. "Não podemos fazer uma objeção de consciência se a lei não for alterada", afirmou Franco Caprini, chefe do grupo de farmacêuticos Federfarma.
Bento XVI é useiro e vezeiro em intrometer-se em questões de Estado. Isolado na torre de marfim do Vaticano, cercado de cardeais misóginos, parece não ter ainda percebido que o país que cerca seu território esquizofrênico é um país laico e não se rege por dogmas ou crenças religiosas. Como também laicos são todos os demais países da Europa. Do alto de sua curul, o papa tem se comportado como um aiatolá à testa de uma teocracia muçulmana. Que proíba a venda da pílula do dia seguinte nalguma farmácia do Vaticano, entende-se. Pretender proibir sua venda nas demais farmácias do mundo é paranóia.
Em sua arrogância pontifical, parece esquecer que vive no Ocidente, em uma Europa onde praticamente todos os países aceitam o aborto, a pílula do dia seguinte e os contraceptivos. Vários papas já passaram no transcurso de minha vida. Confesso jamais ter visto um só, tão ditatorial e intolerante como este. Quisesse exercer sua ditadura sobre seu rebanho, nada teríamos a ver com isso. Ocorre que Bento XVI, em seu fanatismo, sente-se autorizado a ditar regras urbi et orbi.
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