Em artigo para a Folha de São Paulo de hoje, intitulado "Livros: caros e raros", o senador e imortal Marco Maciel conclui que "os preços dos livros são altos porque as tiragens são baixas". Em que planeta viverá este senador? Em Marte, talvez? Parece ignorar que vivemos na era do livro eletrônico, de confecção fácil, rápida e barata e cuja tendência é ser entregue ao leitor a um custo zero. Centenas de milhares de e-books estão à disposição dos leitores nas bibliotecas eletrônicas, em diversos idiomas, ao esforço de apenas dois ou três cliques de mouse. Nestas bibliotecas, encontramos desde Platão e Cervantes a Swift ou Fernando Pessoa. De graça. Sem ir mais longe, quase todos meus livros estão disponíveis na rede.
Claro que os senhores ligados ao antigo livro-papel nem querem ouvir falar disto. Seria matar a galinha dos ovos de ouro. Os jornais, embora já estejam se preparando para futuras edições exclusivamente eletrônicas, mal tocam no assunto. Apesar de milhares de escritores já terem optado pelo e-book, jamais li um crítico que tenha feito uma resenha sobre uma única destas publicações.
O livro eletrônico dispensa toda a malha de distribuição, livrarias, depósitos para estocagem, transporte, papel, custos de impressão. Mesmo que o autor quisesse cobrar por um e-book, seu preço tenderia a ser ínfimo. Quantos exemplares precisa ter uma edição? Um só. Que permanece em um site, disponível para download de qualquer leitor potencial.
Sonhemos um pouco, leitor. Imagine esta tecnologia transportada para o livro didático: um único exemplar poderia suprir todas as escolas do país. Aos alunos que ainda não têm computadores poderiam ser fornecidos leitores de e-books, a preços bem menores que o de um notebook. Os grandes gigolôs do livro didático no Brasil, em geral amigos da Corte, iriam à falência, é claro.
Para evitar que os amigos da Corte entrem em falência, aposta-se no obsoletismo.
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