segunda-feira, 7 de setembro de 2015

Criar ou Morrer: O Mundo de Don Draper



Eu estava em um elevador e ouvi uma conversa entre um jovem trabalhador e um senhor de idade. Eles discutiam suas profissões. O jovem disse ao senhor que trabalhava com marketing digital. Você poderia sentir a sensação de incredulidade naquele pequeno espaço, e – embora ele não tenha dito – eu sabia o que o velho homem estava pensando: “Outro trabalho de mentira na insustentável ‘economia Facebook’”.

É assim que as coisas tem sido desde sempre. A crença de que, ao menos que você esteja fazendocoisas, você não está realmente produzindo algo, acompanha a humanidade desde a Antiguidade. Mesmo Aristóteles achava o pequeno comércio repugnante, e o empréstimo de dinheiro ainda mais. Afinal de contas, essas pessoas não estão realmente contribuindo para o estoque físico de riqueza na sociedade, então, em que sentido elas estão criando valor? Nós lemos opiniões similares todos os dias.

Tais pontos de vista interpretam complemente mal a natureza da riqueza e a função do empreendedorismo. “A principal característica do capitalismo que o distinguiu dos métodos pré-capitalistas de produção”, de acordo com Ludwig von Mises, “foi o seu novo princípio do marketing”.

Os consumidores mandam. Os fabricantes e vendedores de produtos buscam a sua aprovação. O que influencia a decisão de comprar são as idéias que as pessoas têm. Dessa forma, torna-se incumbência dos vendedores explicar, persuadir, convencer e inspirar. Eles só podem fazer isso com boas idéias.

Contemplar o valor de uma ideia, o valor potencialmente imenso de um único produto da mente humana, sonhado desde sua não-existência até a sua realização, comunicada de uma forma que faz as pessoas mudarem o que pensam, mesmo na ausência de qualquer mudança física para o mundo, é levar a termo um reino em que a matéria e o espírito se encontram.

Explorar esse reino, é onde Mad Men (2007-2015) se destaca de verdade. Ambientada no início dos anos 1960, uma época em que, graças as inovações tecnológicas no segmento das comunicações, a moderna indústria de publicidade foi alçada a posição que tem hoje. Essa indústria procurou levar produtos (e serviços) já produzidos das prateleiras de armazéns para dentro da vida das pessoas.

Todo o objetivo de uma empresa é fazer com que os consumidores comprem. A mensagem correta, bem colocada, pode fazer a diferença entre um sucesso de milhões de dólares e um completo fracasso. É tudo uma questão de entrar e influenciar a cabeça dos consumidores – os tomadores finais de decisão em uma economia capitalista.

Uma vez após outra, um estranho pergunta o que é que esses executivos de publicidade realmentefazem. Eles tentam explicar. Eles não conseguem. Parece muito evasivo ou, até mesmo, muito falso.

Como qualquer bom drama, Mad Men evita o didatismo sobre o seu ponto de vista. Há uma abundância suficiente de bem e mal na empresa e na indústria.

Mas, ao longo do tempo, o espectador começa a torcer pelo sucesso desses homens (e mulheres) da publicidade, em particular de Don Draper, protagonista principal da série. Você não consegue deixar de simpatizar com ele, enquanto ele se esforça para se manter em um jogo em que as regras estão sempre mudando e os sistemas de valores da massa de consumidores estão em constante fluxo.

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