quinta-feira, 27 de agosto de 2015

Caio Blinder- Brazil dizimado



Aqui do meu posto “avançado”, eu acredito ser meu dever reportar para a base (o Brasil) o que se fala no exterior sobre o Brazil em tempos crônicos de crise. Trago de volta Lourdes Garcia-Navarro, a correspondente no Brasil da National Public Radio, a NPR, a rádio pública americana. Na semana passada, reportei a conversa incrédula entre ela e o apresentador do noticiário sobre a taxa de aprovação de Dilma Rousseff (o apresentador não acreditava que fosse de 8%).

Desta vez é uma conversa com bem menos incredulidade, mas com hipérboles. O apresentador do noticiário conversa com vários correspondentes da NPR sobre o impacto da crise chinesa em cada país. Lourdes Garcia-Navarro é fulminante. Ela diz que o Brasil “está realmente sendo dizimado” pelo o que acontece na China, “provavelmente mais do que qualquer outro país”. A explicação: paralisado pela crise política, o Brasil ainda por cima é manietado por sua dependência da China.

No desespero, exportar é a solução (a única), mas a China vive o seu próprio desespero, pois não consegue mais crescer como antes. O mundo ficou muito mal acostumado. Imagine, um destino de exportações crescendo a uma taxa de dois dígitos anuais, ano atrás de ano. Acabou. Sequer se pode garantir que a média de 7% será atingida.

A encrenca chinesa obviamente virou produto da agitprop do governo Dilma Rousseff para explicar o sufoco brasileiro. A culpa vem de fora. No entanto, estamos por dentro. Sabemos que basicamente a crise brasileira é made in Brazil e não made in China.

E a propósito, há um exagero nas afirmações da repórter Lourdes Garcia-Navarro. O Brasil pode estar dizimado, mas no final das contas é menos dependente de suas exportações para a China do que outros países. Claro que o Brasil e exportadores de commodities como a Austrália sofrem, assim como países como Japão e Coreia do Sul, que exportam componentes high-tech para a indústria chinesa.

Em termos percentuais na sua pauta de exportacões, a Austrália é de longe o país mais afetado (em termos absolutos é a Coreia do Sul). Percentualmente, o Brasil está em quarto lugar. Em primeiro lugar, devemos olhar para nossas vulnerabilidades internas.

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