segunda-feira, 23 de março de 2015

Enfim, um candidato “ultraconservador” para a imprensa

Escrevi em outubro de 2013:
“Para o jornalismo brasileiro, não existe mais direita no mundo: só direita radical, extrema-direita, direita fanática etc. Quem não fizer uma oraçãozinha para São Obama já é meio fundamentalista.”
Dias depois, Arnaldo Jabor publicou um texto sobre os “fundamentalistas do Tea Party”, “mais perigosos que os islamitas guerreiros, que explodem trens e aviões”, e chamou os republicanos de “homens-bomba americanos”.
Ted Cruz
O republicano Ted Cruz
Já cuidei de Jabor aqui, mas agora leio na Folha de S. Paulo umamatéria da AFP:
“Ultraconservador Ted Cruz confirma pré-candidatura à Casa Branca”.
É a ultravigarice do jornalismo militante de esquerda. A “jaborização” do noticiário.
O prefixo “ultra” significa “extremamente; que está além de; em excesso; ao extremo”. Sua aplicação injustificada a um político normalmente tem por objetivo lançar sobre ele o rótulo de extremista radical, assim como o PT lança sobre os manifestantes o de “golpistas burgueses”.
O motivo da Folha/AFP: Ted Cruz é “membro do ultraconservador Tea Party”, o movimento que extrapola a cota de conservadorismo tolerável pela militância esquerdista e, portanto, precisa ser demonizado pela imprensa internacional.
Formado por patriotas dispostos a lutar contra qualquer ameaça à segurança, à soberania e à ordem dos Estados Unidos, o Tea Party é, na verdade, um movimento conservador que vive de doações privadas de cidadãos comuns e possui 15 crenças “não negociáveis”, segundo seu estatuto traduzido por Alexandre Borges:
1. Imigrantes ilegais estão no país ilegalmente;
2. A defesa dos empregos domésticos é indispensável;
3. Forças armadas robustas são essenciais;
4. Grupos de interesse e lobistas devem ser retirados da vida pública;
5. Posse legal de armas é sagrada;
6. O governo precisa ser reduzido;
7. As contas públicas devem ser equilibradas;
8. O déficit público tem que acabar;
9. Programas de resgate de empresas e pacotes de estímulos são ilegais;
10. É preciso reduzir os impostos sobre renda;
11. É preciso reduzir os impostos para empreendedores;
12. Políticos devem estar disponíveis para o cidadão comum;
13. A intromissão do governo na vida do cidadão deve ser freada;
14. O inglês é a língua oficial do país;
15. Valores da família tradicional devem ser encorajados.
O que há de “ultra” nessa lista? Nada, claro, a não ser o desejo dos jornalistas de que a oposição americana seja no máximo um grande PMDB. E com Renan Calheiros à frente, porque Eduardo Cunha, a essa altura, já virou “ultraconservador”, quem sabe até um “homem-bomba”.
Felipe Moura Brasil - http://www.veja.com/felipemourabrasil

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