PAPO NA
TARDE
Quase seis horas da tarde
e dona Zefa Fofoca estava na janela observando o movimento e destilando veneno
na companhia de Jureminha Bunda-de-Tábua, que vinha sem pressa da venda e parou
para um papo amigo. Falavam das coxas de fora da menina Matilde e da
barriguinha esquisita da filha da Norma-Bucheira. O falatório desenfreado é
quase lazer nas cidades pequenas. O conversê estava animado quando um ciclista
gorduchinho passou pela calçada e sem querer passou com o rodado da bicicleta
sobre a língua de dona Zefa que no momento estava em repouso sobre a calçada.
Foi para o hospital levada pelo SAMU sob os olhares risonhos da vizinhança. Jureminha e mais dois enfermeiros conseguiram
carregar a língua amassada. O ciclista fugiu pensando que havia passado por
cima de uma sucuri.
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