terça-feira, 17 de julho de 2018

SOBRE LIVRE PENSAMENTO- PRISCILA SENNA



Olá meu chamo Priscilla e graças à mim mesma descobri a alegria do livre pensamento muito jovem ainda.
Por muitos anos fui mórmon (SUD – Igreja de Jesus Cristo dos Últimos Dias) e tive uma adolescência relativamente feliz dentro da igreja, era uma menina aplicada nas atividades por ser jovem e boba, tinha 11 anos quando entrei na igreja, e possuir muitos amigos naquele meio. Não tenho reclamações quanto as pessoas naquela época ou a doutrina da instituição, porém, dentro de mim sempre existiu a fagulha da dúvida que me assombrou durante toda a minha juventude.
A dúvida em si nunca desapareceu e lembro-me de situações em que era “obrigada” pelo pensamento coletivo a prestar meu testemunho em público e sentir-me uma mentirosa ao dizer:”…eu sei que essa igreja é a verdadeira e Jesus Cristo me ama!”. Porém, quando se faz parte de um grupo deve-se dançar conforme a dança, certo? Antigamente pensava que esse medo era o “demônio” me tentando, instigando a dúvida. Mas, não nunca foi… Era apenas meu coração sendo sincero.

Quando me via apaixonada por alguém no colégio e não podia ceder aos “pensamentos juvenis pecaminosos” era quando ocorria de fato o conflito com a religião. Provavelmente estes momentos foram os mais verdadeiros da minha vida porque, hoje, consigo perceber o quão honesta eu era em relação a igreja e a minha antiga doutrina. Fui incondicional e levei ao extremo meu pensamento conservador punindo-me por um simples pensamento romântico. Pensava: “Deus, viu isso! Que horrível! Por favor me perdoe!!!”. Fazia orações e tentava remediar esses impulsos, porém, percebia que aparentemente só eu me torturava mentalmente dessa forma e nenhuma das minhas amigas na igreja compartilhava do mesmo sofrimento. Cada um lida com a religião de um jeito diferente eu penso.

Em determinado período, no 2º ano do colegial, estava conversando com uma colega de classe sobre esses impulsos. Lembro que ela adorava Coca-Cola e eu não podia beber porque era mórmon. Eu perguntei a qual religião ela pertencia e ela respondeu: “Sou agnóstica”. Eu nem sabia o que significava, ela então começou a me dizer do que se tratava e como não precisava pensar tão seriamente sobre tudo. Naquele momento admito que tratei o agnosticismo como um “escape” e brindei a minha nova vida com um delicioso gole de Cola-Cola…. huehuehuehue… Foi libertador! Comecei então a pesquisar mais sobre o assunto e deixei minha mente viajar.

Depois de um tempo, passei a sentir mais a vida. Não sei como explicar. Mas, ao invés de tentar ser uma boa cristã e ir para atividades da igreja comecei a curtir mais a vida e minha juventude. Passei a conversar mais com essa minha colega, a investir mais nas aventuras amorosas (embora frustadas), a ser transigente, a estudar artes e desenho e, principalmente, questionadora! Sim, comecei a pensar mais sobre a filosofia da bíblia e do livro de mórmon, só pensar mesmo. Alguns dos questionamentos foram: “Como Deus pode ser todo poderoso sem ter experimentado o mau?”, “Como pode o Mau existir sem o Bem?”, “Existiria algum equilíbrio?”… Comecei a questionar! Deixei os sentimentos fluírem e nunca mais consegui voltar a igreja sem pensar: “Um dia não estarei mais obrigada a vir para este lugar”. Continuei com as amizades (algumas delas), mas, não mais com a doutrina.

Lembro de um momento crucial na minha vida em que eu faltei a escola dominical e fui para o jardim da igreja. Era meu último dia lá, pois, iria me mudar de bairro e “passar a frequentar a igreja em outro lugar”. Sabia que seria meu último dia dentro de uma igreja e não me importei. Deitei na grama e viajei! O vento estava agradável e refleti sobre tudo até aquele momento. Foi ali que eu percebi que se existe alguém “Todo Poderoso” ele jamais me puniria por pensamentos tão bobos, que a vida é muito mais do que uma doutrina e que minha preocupação anterior era, no mínimo imbecil, pois, nada de mal havia acontecido na minha vida, ao contrário…

Estava enfim preparada para ir a universidade. Havia passado no curso de engenharia na universidade estadual da minha cidade e lá, quem diria, aprenderia muito mais sobre ateísmo. Considero o ateísmo uma benção… rsrsrs… **ironia** Pois, me permitiu ser quem eu sou, me libertar, conquistar tudo que conquistei até hoje. Ser mais sincera do que jamais fui.

Acabei não continuando como engenheira, mas, sim como designer. Atuo como professora em uma universidade local e tenho muito orgulho do meu caminho até aqui, sei que não seria assim se eu tivesse continuado com um pensamento limitado de uma doutrina estrangeira.

E fica a dica à todos… Questionem sempre tudo!

Priscilla Senna

FONTE- ATEA-ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ATEUS E AGNÓSTICOS

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