sexta-feira, 8 de julho de 2016

Vlady Oliver: O vice campeão



Sabemos que o Brasil é a terra dos vices. Dos escândalos também, o que leva aos vices, pela lógica dos fatos. O que deveria espantar o brasileiro médio e não espanta – aliás quase nada espanta alguém neste país – é a forma como se dá a composição de uma chapa e a consequente decomposição de um vice, certo? No país das eleições peculiares, fica claro que um vice não é escolhido pela afinidade partidária e ideológica, mas como uma forma de neutralizar ou reduzir os interesses da facção contrária da eventual quadrilha que quer ser eleita. Uma espécie de divisão antecipada do butim.

Que outro motivo colocaria um Maranhão bem no meio do caminho? E o que o atual presidente Temer, o “vice em exercício” – o que dá a ideia de um mero figurante fazendo musculação – tem a ver com a prizidenta pedaleira? Não vou me estender muito na metáfora, mas basta ver como é composta uma chapa para ter-se uma importante informação a respeito de seus cabeças e suas intenções. José Serra e Índio da Costa, Marina Selva e Beto Albuquerque são duplas pra lá de expressivas no cenário bambo nacional, não é mesmo? Ou será que ninguém da corriola da dupla Lula e Dilma se deu conta de quem seriam seus respectivos vices e o que estariam fazendo nos santinhos?

É óbvio que este é um país com uma política muito peculiar. Algo como Donald Trump como vice de Hillary Clinton ou vice-versa; dá no mesmo. Como se pode ver, o compadrio vagabundo que se cultiva por aqui é pródigo em aglutinar inimigos numa mesma chapa quente, desde que esta cumpra o dever de dividir a grana, os interesses escusos, a mordomia e o “pudê” em suaves prestações. Cunha e Dilma deveriam se achar “imorríveis”, ou invencíveis mesmo, visto que não previram sequer a possibilidade de serem sumariamente substituídos por seus respectivos vices e, com isto, mostrarem ao país do que são feitos seus espúrios compadrios.

É um caso para análises mais apuradas. O fato é que, puxada a descarga da história, Temos um acerto na presidência e tivemos um erro crasso no Congresso, já devidamente defenestrado de véspera pela renúncia do presidente da câmara, tudo em minúsculo mesmo. De onde surgiu essa “interinidade bizarra”? De que sarcófago exumam cadáveres como este que presidiu o legislativo por alguns sórdidos minutos? Fala sério. Aprende a votar, caro cidadão feito de idiota.

Quando você se deparar com um vice que é o contrário do que parece ser seu candidato, desconfie. Ou ele está pagando a conta, ou paga as camisetas, os santinhos, ou colocou uma garrucha no cangote da “otoridade” para dividir o produto do roubo depois do fato consumado. Se Hillary Clinton e Donald Trump acertassem os ponteiros, numa indigesta aglutinação de interesses, a eleição norte-americana não estaria liquidada? Os norte-americanos com certeza estariam. Acorda, brasileiro otário.

Do blog do Augusto Nunes

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