sexta-feira, 4 de novembro de 2016

CÍRCULOS NOS TRIGAIS, MILHARAIS, ETC? Conheça a história de Doug & Dave: Fabricantes de Círculos

Heriberto Janosch e Alejandro Agostinelli, publicado em Dios!
Tradução gentilmente autorizada



Doug Bower, artista, nasceu em 1929 em Upham, perto de Southhampton, Inglaterra. Dave Chorley, apaixonado pela arte como Doug, nasceu no mesmo município, em 1924. Eles se conheceram em 1968, quando Bower foi a seu negócio de arte para comprar um quadro. Tornaram-se muito amigos. Anos depois, desfrutaram do prazer secreto de converter a zona rural do sul da Inglaterra – onde estamparam os estranhos marcos de seu poema épico – na maior tela do mundo depois dos "grafites cósmicos" traçados nos Pampas de Nazca.

A história seguiu seu curso até 1991, quando os autores dos primeiros ‘círculos de cereal’ confessaram, uma das travessuras ufológicas mais controversas do século XX.

Tanto foi assim que poucos acreditaram em sua confissão. Tanto que aquela diversão noturna se tornou uma forma de forma transgressora de arte contemporânea. Ao começar, Doug e Dave ignoravam que esses "círculos", viciosos por natureza, estavam predestinados a perdurar: nasceram graças àqueles que não acreditaram que eram obras de arte mas sim conseqüência da ação de uma "inteligência superior": um caminho do qual, ao crente de primeira hora, é difícil de sair.

Doug Bower, aos 77 anos, continua sendo na Inglaterra uma estrela da mídia da contracultura paranormal, como foi em 2002 na estréia de Sinais, o filme dirigido por M. Night Shyamalan que irritou os crentes imaginando as formações como "marcas de navegação" projetadas pelos extraterrestres antes de invadir a Terra. Dave Chorley também desfrutou das imprevistas repercussões culturais e de mídia da piada monumental, mas isso foi até 1997. A odisséia afetou tanto as vidas de Doug e Dave (de agora em diante, D&D) que Dave, em seu leito de morte, fez seu companheiro jurar na aventura que não recuasse em seu zelo de manter em alto a declaração de que ambos foram os precursores artísticos da saga dos agora mundialmente famosos círculos nas plantações ("crop circles").



O PRIMEIRO "NINHO"
Todas as sextas-feiras, D&D se reuniam no pub Percy Hobbs, no condado inglês de Winchester, onde eles se sentavam para tomar alguns chopes enquanto conversavam sobre o sexo dos anjos e mostravam suas mais recentes criações, em têmpera ou aquarela. Em uma noite de verão incerta pelo meio dos anos setenta, eles decidiram mudar suas existências rotineiras. Naquele dia eles se lançaram a invadir os campos de trigo e criaram o primeiro "círculo na plantação". Logo se seguiria outro, e outro e outro até se construir – com a ajuda de ufólogos, da mídia e dos fazendeiros – uma das lendas vivas mais incríveis do século de XX. Porque essa lúdica odisséia campestre iria converter os amigos nos artistas mais extravagantes que ninguém, nem eles, jamais tinham imaginado.

Naquela noite, Doug falou com Dave sobre OVNIs, um tópico que fascinava ao primeiro. De repente, se lembrou de algo que tinha lido em 1958, quando emigrou com sua esposa para Melbourne, Austrália, onde eles viveram oito anos. Naquela época, perto de Tully, no norte de Queensland, um círculo misterioso tinha aparecido em um pântano. O motorista de um trator disse ter visto um disco voador decolar, que logo formou um redemoinho na grama. No dia seguinte, os jornais especularam que a marca tinha sido causada pela aterrissagem de uma nave extraterrestre. Os ufólogos o chamaram ‘ninho de discos’ e a imagem da estampa se eternizou em livros e revistas dedicadas ao tema.

A data exata em que D&D asseguram ter começado com suas aventuras não está clara: naqueles dias eles não podiam prever que alguém iria se preocupar com aquele detalhe. Em suas primeiras declarações eles a situaram em 1978, mas com a ajuda do jovem jornalista Jim Schnabel se lembraram que já em 1975 tinham desenhado seus primeiros círculos (1). "O que aconteceria aqui se nós fizéssemos um desses ninhos?", brincou Doug. "As pessoas pensariam que um disco voador pousou", Dave respondeu. Não pensaram mais: foram para a loja de quadros de Doug e de lá removeram, para ter com o que aplainar o cereal, a barra metálica que trancava a porta. No princípio, a técnica era simples: Dave parava em um fim da barra como se fosse a ponta de um compasso, e Doug girava em círculos como se fosse o braço do instrumento, derrubando as plantas com muito cuidado. O primeiro círculo, D&D contaram a Schnabel, eles fizeram ‘em quatro patas’, temendo que alguém os descobrisse. O trabalho pioneiro tinha nove metros de diâmetro e o trabalho lhes consumiu… meia hora. Durante os primeiros verões, ao longo de quatro ou cinco anos, ninguém viu as criações e eles estavam a ponto de jogar a toalha. Decidiram ao invés mudar de tática e fazê-los onde alguém veria seus trabalhos, relacionando-os com sinais de OVNIs e informando a imprensa. Primeiro, eles refinaram o procedimento: substituíram a barra por uma corda ou uma fita de agrimensor. Então, para aplainar o cereal melhor, usaram uma prancha, à qual amarraram com cordas e iam empurrando com os pés. Doug usou um boné de beisebol com um arame circular que pendia da viseira como uma mira em frente a seu olho esquerdo, dispositivo que lhe permitia se mover de forma retilínea. Para criar os então famosos "quíntuplos" (quatro círculos ao redor de um grande círculo central), eles pregaram uma cruz fixa no centro do círculo principal. Ali atavam uma corda e Doug se afastava. Quando a corda ficava situada paralela a um dos braços da cruz, Dave lhe fazia um sinal com uma lanterna vermelha a fim de que parasse. Lá Doug parava e fazia outro círculo. Eles levavam mais tempo chegando ao lugar que terminando o trabalho. Com os anos foram aperfeiçoando suas técnicas e o estilo das criações. E começaram a aparecer nas primeiras notícias na imprensa. (2)

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