terça-feira, 25 de outubro de 2016
LINHA CEMITÉRIO
Na década de 1960/ 1970 poucos tinham automóveis na minha cidade. Então todo enterro tinha serviço de transporte de ônibus para familiares e amigos. Era importante que todos pudessem ir até o campo santo dar o último adeus ao que partia. Havia também o fato de quanto mais gente no enterro, mais considerado era o defunto. Mas havia um caso especial, as irmãs Martinez; Ana,11, Cláudia,13, e Mirtes.,14. Fosse onde fosse o velório não faltavam às irmãs Martinez, com suas carinhas sérias. Com chuva ou sol, longe ou perto, lá estavam, sempre. Acredito que na maioria das vezes nem sabiam quem era o falecido; o negócio delas era rodar. Olhava-se para o ônibus e lá estavam elas curiosas grudadas nas janelas rumando ao cemitério. O falecido era o que menos interessava, o importante era passear de coletivo, ter coisas para contar. Elas cresceram, foram embora do lugar; os tempos mudaram, não vejo mais ônibus nos enterros.
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“Quando a fome é grande não tem jeito, precisamos apelar. Ontem peleei com um hipopótamo. Quase perdi o pelo.” (Leão Bob)
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