
Se você está na faculdade aprendendo macroeconomia, você provavelmente está utilizando o livro Introdução à Economia, de Gregory Mankiw, um best-seller que já está em sua sétima edição. O professor Mankiw é o presidente do Departamento de Economia da Universidade de Harvard e o foi conselheiro econômico de George W. Bush.
Em si, o livro é um grande avanço em relação aos best-sellers anteriores, como, por exemplo, o livro-texto de Paul Samuelson, que foi o mais influente livro-texto de economia do mundo pós-guerra, com pelo menos 3 milhões de cópias vendidas em 31 idiomas distintos. Na edição de 1989 de seu livro-texto, Samuelson escreveu: "A economia soviética é a prova cabal de que, contrariamente àquilo em que muitos céticos haviam prematuramente acreditado, uma economia planificada socialista pode não apenas funcionar, como também prosperar". Dois anos depois, a URSS acabou.
Mankiw fornece uma sólida apresentação de tópicos técnicos com o intuito de preparar os alunos para estudos futuros. No entanto, o livro é fraco em uma área em que deveria ser extremamente robusto: os princípios fundamentais que constituem a própria essência do raciocínio econômico.
A omissão destes seis conceitos essenciais é um grande desserviço aos estudantes que queiram realmente adquirir um sólido raciocínio econômico e aprender a como tomar decisões econômicas sensatas.
1. Somente indivíduos escolhem, e somente indivíduos agem
O professor Mankiw apresenta a economia como sendo "o estudo de como a sociedade gerencia seus recursos escassos".
Essa definição trata a economia como a ciência que planeja soluções coletivistas para os problemas de alocação de recursos técnicos. Ao dar essa definição, Mankiw deixa de fora tudo aquilo que torna o estudo da economia tão rico.
A economia é fundamentalmente o estudo do comportamento humano sempre que há uma escolha envolvida. Somente indivíduos tomam decisões, e somente indivíduos agem de acordo com essas decisões.
Em termos práticos, a ciência econômica não é simplesmente o estudo de fenômenos econômicos visíveis, como preços, produção, juros e dinheiro. A ciência econômica é o estudo de como esses fenômenos são gerados pela interação entre, de um lado, as idéias e as ações dos indivíduos e, de outro, um ambiente que oferece recursos limitados para a satisfação das necessidades humanas.
Ao ignorar o princípio de que a economia se baseia na escolha individual, o texto de Mankiw perde a oportunidade de fazer com que o estudo da economia seja pessoalmente relevante para os estudantes. Poucos os estudantes irão desenhar outra curva de demanda, mas todos se beneficiam se souberem raciocinar de uma maneira que propicie melhores decisões nos empreendimentos e na vida.
A economia é especialmente valiosa quando ensinada como sendo um conjunto de ferramentas que propicia um melhor entendimento das escolhas que pessoas de verdade têm de fazer e das decisões que elas têm de tomar.
2. O valor econômico é subjetivo
O que é mais valioso: ingressos para uma partida de futebol ou um livro-texto de macroeconomia? Uma estudante dedicada de uma universidade pode estar pouco interessada em futebol, preferindo gastar seu dinheiro em um livro-texto, de modo que ela possa ser aprovada na matéria. Já eu preferiria gastar dinheiro em um ingresso para a final de uma partida de futebol, nem que seja para ter uma experiência fora da rotina.
Os recursos econômicos que valoramos só se tornam valiosos para nós quando comparados às alternativas disponíveis; quando são vistos dentro do nosso plano de satisfazer algum objetivo em relação às alternativas disponíveis.
Valorar algum bem ou serviço significa escolher entre esse bem ou serviço e bens e serviços alternativos. Quando fazemos as escolhas, isto é, quando agimos, o fazemos acreditando que aquela escolha, ou aquela ação, irá nos proporcionar satisfação maior do que a satisfação que os outros bens e serviços proporcionariam.
Em suma, o valor está nos olhos de quem percebe.
Ou, em outras palavras, o valor econômico é subjetivo.
Infelizmente, o texto de Mankiw não fornece qualquer explicação sobre o valor econômico. Em vez disso, ele dá um salto e imediatamente começa a tratar a economia como um problema de alocação de recursos a ser solucionado por economistas espertos.
Mankiw tem o cuidado de explicar que os economistas podem discordar entre si sobre como os recursos deveriam ser distribuídos, mas ele ignora inteiramente a noção de que recursos só têm valor para um indivíduo de acordo com seus planos, idéias e objetivos, os quais ocorrem em um momento específico do tempo e em meio a circunstâncias que estão em constante mudança.
É possível entender por que os estudantes acreditam que a economia é realmente a "ciência sombria": os livros-texto omitem a maior parte dos componentes humanos da economia.
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