O TRABALHO DA MORTE
A morte saiu a trabalhar naquela tarde para escolher suas
vítimas como sempre faz. Brancos ou negros, mulheres ou homens, crianças ou
velhos. A morte escolhe, a morte executa. Não existe alerta à vítima, não
diretamente. Numa esquina movimentada parou e ficou observando com atenção um
homem de meia-idade que comia um churros. Apontou para seu coração e o homem
sofreu um infarto fulminante. Apanhou um ônibus e foi para o outro lado da
cidade. Desceu e entrou num velório. “É
daqui que levarei o próximo, disse para si.” Mirou num jovem franzino amigo do
defunto que ora se velava. Observou que o fígado do rapaz já estava em estado
lastimável. Mexeu seus pauzinhos e o
pobre caiu sobre o caixão; o quase morto e o defunto foram ao piso. Saiu da funerária e foi ao cinema. Sentou-se ao lado de um velhinho, soprou seu
hálito funesto e o octogenário caiu sem dizer ai. A morte olhou para o relógio
que marcava 18 horas. Não estava a fim de fazer horas extras. Ajeitou-se na
poltrona e ficou no aguardo da próxima
sessão.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.