quinta-feira, 28 de julho de 2016

Instituto Liberal- Considerações a respeito da Bolívia e Evo Morales Por Roberto Ellery

Não raro alguém me pergunta a respeito da Bolívia sugerindo que lá as políticas inspiradas no bolivarianismo deram certo. De fato, ao contrário do desastre venezuelano, a Bolívia vem crescendo a taxas razoáveis e apresentando inflação so
bre controle. Para que o leitor tenha ideia, de acordo com os dados do FMI, entre 2011 e 2015 o PIB da Bolívia teve um crescimento médio de 5,3% ao ano, enquanto, no mesmo período, o PIB do Paraguai cresceu 6,3% ao ano, na Colômbia a média 4,5%, no Peru de 5,4% e no Brasil 2,1%. Se não foi um milagre econômico e nem mesmo a maior taxa média de crescimento do período definitivamente também não foi um desastre.
Para explicar de forma adequada o que está acontecendo na Bolívia é preciso avaliar com o devido cuidado vários fatores. O primeiro é que a Bolívia é um país muito pobre, em 2015 o PIB per capita em unidades de poder de compra da Bolívia foi de $6.425, no Brasil foi de $15.614, na Colômbia foi de 13.846, no Peru $12.194, dos países listado acima apenas o Paraguai, com PIB per capita de $8.116 em 2015, está próximo da Bolívia. É possível que o populismo autoritário de Morales não tenha sido destrutivo simplesmente por falta do que destruir, ou que esse tipo de populismo seja compatível com uma renda média de, digamos, $10.000, porém não mais do que isso. Nesse caso a Venezuela com seus $16.672 de PIB per capita talvez ainda tenha uma longa ladeira para descer. Que fique claro que estou especulado, tirei o $10.000 da cartola, porém a possibilidade que regimes como o de Morales sejam viáveis apenas em níveis baixos de renda per capita é plausível.
Outra possibilidade é que o desastre da Bolívia ainda não chegou ou que pode até ser evitado. Para avaliar essa possibilidade seriam necessários mais conhecimentos a respeito da Bolívia do que os que possuo. Em particular seria necessário saber o quão longe Morales foi nas políticas populistas, em particular nas que levam ao capitalismo de estado ou ao capitalismo de compadres. Como já expliquei aqui no blog algumas vezes distribuir dinheiro para pobres não é o que leva uma economia ao desastre, a caminho para o desastre começa quandoo governo começa a escolher quem serão os muito ricos. Não sei dizer o quanto a Bolívia percorreu nesse caminho, tenho motivos para desconfiar que andou muito, mas é apenas especulação.
Na falta de conhecimentos a respeito do processo político e de como as instituições da Bolívia resistem ou ajudam no populismo de Morales me resta apelar para os números. Sendo assim resolvi copiar descaradamente alguns excelentes posts que o Carlos Eduardo Gonçalves (caso queira acompanha-lo além do FB recomendo a página Por quê? Economês em bom português, link aqui) e criar uma Bolívia sintética para tentar avaliar se Morales melhorou ou piorou o desempenho econômico da Bolívia.

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