quarta-feira, 1 de junho de 2016

Libertários podem utilizar serviços públicos? Por João Cesar de Melo

“Ah, mas você estudou em universidade pública!”, é uma provocação frequente, assim como outras mais cretinas feitas à libertários que recorrem à hospitais públicos ou chamam a polícia em situações de emergência.
Minha opinião é que o ideal libertário − um mundo sem estado − é um horizonte que deve ser perseguido através de um processo de liberalismo da economia, da sociedade e da cultura, com a redução objetiva e progressiva do estado até a própria sociedade compreender que realmente não há razão para a existência de um aparato político-burocrático que dá a algumas pessoas o poder de decidir sobre a liberdade de outras.
Antes de qualquer faniquito − de ambos os lados − é preciso se compreender duas coisas:
1 – O estado existe. Hoje, agora, não temos como fugir completamente dele. Somos escravos dele. Nascemos sob suas condições. O sistema nos impõe subordinações.
2 – Nada do que é oferecido pelo estado é fruto de caridade. Cada serviço ou suporte que o estado oferece representa uma fração do dinheiro que ele nos rouba todos os dias. A utilização de um serviço estatal é a utilização de um serviço pago por todos nós.
Isso significa que SIM, libertários podem utilizar serviços e suportes estatais porque também pagam por eles. Libertários também podem se relacionar comercial e profissionalmente com o estado, desde que da mesma forma com que se relacionam com pessoas e empresas privadas, vendendo produtos e prestando serviços.
Defender a ideia de uma sociedade onde todos os serviços sejam fornecidos pela iniciativa privada não obriga uma pessoa hoje, agora, a rejeitar tudo o que existe ao redor.

O que um libertário deve rejeitar são os privilégios que o estado concede em determinados casos, como empregos com estabilidade, aposentadoria garantida e financiamentos fora das condições de mercado.
Um libertário pode chamar a polícia, mas não pode ser um policial.
Um libertário pode estudar numa universidade pública, mas não pode ser um professor concursado de uma universidade pública.
Um libertário pode vender e prestar serviço ao governo, mas não pode ser um funcionário do governo.
A exceção seria alguém trilhando um caminho político com o objetivo de utilizar-se das ferramentas estatais para desmantelar o próprio estado, como tentam fazer os americanos Ron Paul e Gary Johnson.
INSTITUTO LIBERAL

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