segunda-feira, 25 de abril de 2016

Marcia Rozenthal - Não é só no Brasil que “as elites” são sinônimos de algozes – ou: Até tu, presidente Obama? Instituto Liberal

Passada a tensão pré e per-impeachment na câmara dos deputados, e iniciado o processo procrastinatório no Senado Federal, abre-se espaço para que se possa refletir sobre temas diversos da atual “crise” generalizada que se instalou, como um vírus, dentro deste sistema chamado Brasil.
Vamos à introdução visual do tema deste artigo: vemos a imagem do globo terrestre, com uma seta apontada para o nosso umbigo, e este roda na vertical para que a mira se fixe exatamente sobre a cidade de Buenos Aires.
Agora, aos fatos: na sua recente viagem à Argentina, o Presidente Barak Obama teve um encontro com “Jovens Líderes das Américas”, que pode ser acessado neste link, sob o título Remarks by President Obama in Young Leaders of the Americas Initiative, Town Hall, Usina Del Arte, Buenos Aires.
Conforme pode ser lido neste documento, findo o discurso preparado para a ocasião, o Presidente abriu espaço para as perguntas dos “Jovens Líderes das Américas”. Em dado momento, um estudante de Relações Internacionais pediu que o Presidente abordasse a questão do conflito entre Israel e os palestinos. Após algumas ponderações de praxe, o Presidente Obama disse literalmente o seguinte:
“But initially, at least, I think the Palestinians have to feel like they have something of their own that they can say, this is ours and it expresses our deepest aspirations.  And I think that the Jewish people have to feel safe. Now, the problem is, is that history casts a heavy cloud on this.  Each side only remembers its grief, and has a very difficult time — has a very difficult time seeing the other side, the situation.  And both of them have legitimate fears.  And I will also say, though, that in some ways because Israeli society has been so successful economically, it has I think from a position of strength been less willing to make concessions.  On the other hand, the Palestinians because of weakness have not had the political cohesion and organization to enter into negotiations and feel like they can get what they need.  And so both side just go to separate corners.  And we have worked and worked and worked”.
Optei por não fazer uma tradução livre desta fala do Presidente para evitar dúvidas quanto ao peso das palavras ditas. Apenas interferi, ao enfatizar com negrito a parte que me pareceu mais grave, que é o objeto deste texto.
Ouvir uma ponderação deste calibre de Lula, Dilma, Maduro ou de qualquer agente que representa a esquerda não me causaria estranheza, apenas a repulsa de sempre. Já estamos acostumados a este viés de culpabilizar a “elite” exploradora, intransigente e gulosa pelo mal e de premiar a “fraqueza” (weakness) com um passaporte para o ingresso no incrível reino encantado dos direitos sem deveres. Mas, quem esperaria que aquela análise viesse do Presidente dos Estados Unidos da América?

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