Produtores de leite e agricultores bloquearam estradas em todo o Uruguai nesta terça-feira em um inédito protesto contra um generalizado aumento de tarifas e impostos e contra o calote da Venezuela. O protesto convocado pelas redes sociais foi feito em dez departamentos dos dezenove em que se divide o Uruguai, com o epicentro na localidade de Libertad, 54 km a oeste de Montevidéu.
Em tratores ou a cavalo, com bandeiras e cartazes, os agricultores se manifestaram em todo o país contra o aumento de quase 10% do custo da energia e outros serviços públicos; contra o preço do combustível - o mais alto da região - e pediram que o governo arcasse com o pagamento de produtos vendidos à Venezuela.
Os governos de Tabaré Vázquez e Nicolás Maduro assinaram no ano passado um acordo em que Caracas se comprometia a comprar alimentos no valor de 300 milhões de dólares (1,2 bilhão de reais). O acordo acabou se mostrando de difícil cumprimento para a Venezuela, afundada em uma grave crise econômica. "Existe um acordo comercial.
As indústrias lácteas mandaram produtos para lá e o dinheiro não apareceu", lamentou Marcos Algorta, produtor de leite de 27 anos que ajudou a organizar o protesto. "Ninguém pode vender sem cobrar", disse.
"A dívida da Venezuela é muito grande. Somente à Conaprole (a principal cooperativa de produção de lácteos do país) deve 86 milhões de dólares", disse Algorta. "Contando todo o setor lácteo, a Venezuela deve 100 milhões de dólares. É muito dinheiro", concluiu.
(Da redação VEJA)
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