quinta-feira, 19 de março de 2015

Caio Blinder- Somos todos tunisianos

Eu fui checar os arquivos do Instituto Blinder & Blainder e shame: nunca apelei para o bordão de solidariedade do título acima para a única história de sucesso da Primavera Árabe. E a Tunísia merece, ela precisa. O terror islâmico está convicto da necessidade de matar este exemplo.
O alvo do ataque de quarta-feira foi o Museu Nacional do Bardo,  um dos mais populares locais turísticos da Tunísia, cheio de estrangeiros (17 dos 19 mortos eram turistas estrangeiros). Cerca de 12% do PIB tunisiano dependem de turismo, que teve uma queda dramática desde a revolução de 2011, mas tem se recuperado, apesar da economia europeia estar capenga. Isto é terror islâmico. Vai à carga contra pilares físicos da civilização e da democracia. Os parlamentares debatiam uma lei antiterror enquanto ocorria o ataque lá perto, no museu.
Em dezembro, a Tunísia elegeu democraticamente o seu primeiro presidente, Beji Caid Essebsi, chefiando uma frente anti-islâmica, formada por liberais seculares, esquerdistas e remanescentes da ditadura de Ben Ali. No entanto, a segunda força do Parlamento é o Ennahda, o partido islâmico que dominou o país logo após a revolução e cuja moderação contrasta com os desvairios jihadistas em tantas partes do Oriente Médio ou a militância estreita dos primos da Irmandade Muçulmana no Egito, depostos pelos militares
A moderação do Ennahda, porém, nunca conteve milhares de jovens tunisianos que aderiram ao terror do Estado Islâmico e um líder militante, Ahmed Roussi, morreu na semana passada na Líbia, onde combatia ao lado de uma milícia que jurou lealdade ao Estado Islâmico.
Claro que o bordão “somos todos tunisianos” vale para aqueles que se engajam no processo democrático no país, para as vítimas do terror de qualquer nacionalidade e não para os que saem matando no museu ou por aí. Toda força para a frágil, mas funcional, democracia sendo forjada na Tunísia.

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