Publicado na coluna de Carlos Brickmann
CARLOS BRICKMANN
Como não disse Fernando Pessoa, um Governo finge tão completamente que chega a achar que é certa qualquer história que invente.
O Governo Federal vai mal, perdendo aliados (até o fiel dos fiéis, o gaúcho Olívio Dutra!), sofrendo oposição mesmo de partidos que contemplou com boquinhas, com aliados que o amam com todo o ódio. Qual a saída? João Santana. Dilma decretou que o problema está na falta de comunicação: é preciso trazer de volta o comunicador do Brasil Cor de Rosa para restabelecer a Força Vermelha. Porque, no Brasil, quando o Governo não anda, mais verba para a propaganda.
O setor de Comunicação do Governo Federal está com problemas: João Santana escreveu o discurso de posse de Dilma, saiu de férias e ainda não voltou, Thomas Traumann não queria ficar como porta-voz mas não havia ninguém para por em seu lugar, Ricardo Berzoini não é do ramo. Mas talvez o problema não esteja apenas no que é dito, ou como é dito, mas naquilo que se sente: promessas descumpridas, alta de impostos, alta brutal da luz, Petrolão. Há quem reclame do uso do nome Petrolão. Mas, se fosse outro o nome, menor seria o escândalo?
O Governo tucano paulista tem o mesmo problema, enfrentado da mesma maneira: para reduzir o impacto da estiagem, baixou um dicionário em tucanês castiço. Volume morto virou Reserva Técnica, crise hídrica se transformou em alocação inteligente de recursos hídricos disponíveis para maximizar sua utilização. Enfrentar a falta d’água é menos importante: as eleições ainda estão longe.
Dietas jáO prefeito de São Bernardo do Campo, SP, o petista Luiz Marinho, cortou drasticamente a merenda escolar. Explicação: os alunos estavam ficando obesos. Se Dilma pode fazer dieta, por que os alunos seriam privados de passar fome?
Com gente é diferente
Lembra da propaganda de Dilma, em que os banqueiros embolsavam o dinheiro e a comida sumia da mesa da população? Dilma ganhou, os banqueiros também: em 2014, o Bradesco teve lucro líquido de R$ 15,3 bilhões, seu recorde (e, além disso, indicou um alto funcionário para ocupar o Ministério da Fazenda); o Itaú, só no último trimestre de 2014, teve lucro líquido de R$ 5,52 bilhões.
Lembra da propaganda de Dilma, em que os banqueiros embolsavam o dinheiro e a comida sumia da mesa da população? Dilma ganhou, os banqueiros também: em 2014, o Bradesco teve lucro líquido de R$ 15,3 bilhões, seu recorde (e, além disso, indicou um alto funcionário para ocupar o Ministério da Fazenda); o Itaú, só no último trimestre de 2014, teve lucro líquido de R$ 5,52 bilhões.
Banqueiro tem pele grossa. Nenhum ficou chateado com a propaganda.
Tinindo as espadasA festa de transmissão do comando do Exército do general Enzo Peri para o general Eduardo Villas Boas custou R$ 48 mil, segundo levantamento da respeitada Contas Abertas. No custo entram canapés, coquetel, almoço, jantar, mesa de salgadinhos, coffee break (que antigamente se chamava lanchinho) e flores.
Quem perde ganhaNão se preocupe com o bem-estar de Luciana Genro, candidata derrotada à Presidência da República pelo PSOL, filha de Tarso Genro, candidato derrotado à reeleição pelo PT para o Governo gaúcho. Luciana Genro ganhou o cargo de Coordenadora Geral da bancada do PSOL na Assembleia gaúcha, com salário de R$ 16.900.
Quantos deputados tem a bancada que coordena? Um: Pedro Ribas.
O problema vem de longe
Ninguém pode criticar o Governo paulista, os governos de outros Estados atingidos pela seca, o Governo Federal: todos foram surpreendidos pela falta d’água (se houvesse processo, os dirigentes diriam, em coral, o famoso “eu não sabia”). Foi mesmo uma surpresa. Amélia Guida Costa, assídua leitora desta coluna, comprovou que o alerta foi recente demais. Encontrou no jornal Correio Paulistano de 9 de novembro de 1867 uma notícia sobre a falta d’água com a seguinte abertura: “É facto importantíssimo o estado de penuria em que andam os habitantes da Capital a respeito d’agua potavel. A julgar pela antiguidade e pertinácia do mal, é difficil de saber-se quando há de vir o necessario remedio. Se não falham nossas recordações, começou elle à preocupar à atenção dos governos provinciaes desde a presidencia do conselheiro Saraiva (…)”
Ninguém pode criticar o Governo paulista, os governos de outros Estados atingidos pela seca, o Governo Federal: todos foram surpreendidos pela falta d’água (se houvesse processo, os dirigentes diriam, em coral, o famoso “eu não sabia”). Foi mesmo uma surpresa. Amélia Guida Costa, assídua leitora desta coluna, comprovou que o alerta foi recente demais. Encontrou no jornal Correio Paulistano de 9 de novembro de 1867 uma notícia sobre a falta d’água com a seguinte abertura: “É facto importantíssimo o estado de penuria em que andam os habitantes da Capital a respeito d’agua potavel. A julgar pela antiguidade e pertinácia do mal, é difficil de saber-se quando há de vir o necessario remedio. Se não falham nossas recordações, começou elle à preocupar à atenção dos governos provinciaes desde a presidencia do conselheiro Saraiva (…)”
José Antônio Saraiva governou São Paulo de 1854 a 1855. Como nossos atuais governantes poderiam trabalhar sabendo dos fatos com tão pouca antecedência, de apenas 160 anos?
Clique http://www.brickmann.com.br/index.php e veja a nota de 1867.
O problema vai longe
Mas não enfrentamos apenas as omissões do passado. Bem pertinho da represas do Sistema Cantareira, que estão quase vazias, há desmatamento de 20 mil m², em área de proteção de mananciais. O mais surpreendente é que os desmatadores têm licença para desmatar, embora a mata seja nativa, embora esteja em área de proteção de mananciais. Houve denúncia ao Ministério Público de Mairiporã, SP, que determinou à Polícia Ambiental que fizesse cessar imediatamente o desmatamento. Demorou um pouco – e, quando os policiais chegaram, a turma da motosserra já tinha ido embora.
Mas não enfrentamos apenas as omissões do passado. Bem pertinho da represas do Sistema Cantareira, que estão quase vazias, há desmatamento de 20 mil m², em área de proteção de mananciais. O mais surpreendente é que os desmatadores têm licença para desmatar, embora a mata seja nativa, embora esteja em área de proteção de mananciais. Houve denúncia ao Ministério Público de Mairiporã, SP, que determinou à Polícia Ambiental que fizesse cessar imediatamente o desmatamento. Demorou um pouco – e, quando os policiais chegaram, a turma da motosserra já tinha ido embora.
Se o Governo estadual, preocupado com a falta d’água (ou restrição de disponibilidade hídrica, em bom tucanês), quiser tomar providências, pois a esperança é a última que morre, o endereço é Av. Belarmino Pereira de Carvalho nº 6.777, antiga Estrada da Roseira, Mairiporã, em frente ao Projeto Meu Guri – que, a propósito, é do Governo tucano de São Paulo.
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