quinta-feira, 3 de dezembro de 2015

PMDB inicia 'guerra' por cadeiras na comissão do impeachment

Leonardo Picciani, líder do partido, tentou escalar deputados dispostos a salvar o mandato de Dilma Rousseff na comissão especial e rachou a bancada



Um dia depois da abertura do processo de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff, a bancada do PMDB na Câmara iniciou em uma disputa interna pelas oito vagas do partido na comissão especial que analisará a ação. Contrário ao andamento do processo, o líder da sigla, Leonardo Picciani (PMDB-RJ), deu sinais de que não está disposto a ser flexível na nomeação dos deputados e que tende a acomodar parlamentares pró-Dilma nas cadeiras da comissão. Em reação, peemedebistas rebeldes estudam maneiras de destitui-lo da liderança.

"Vai ser uma guerra até domingo", afirmou um deputado alinhado ao vice-presidente Michel Temer. O motivo da disputa é que Picciani já afirmou, reiteradas vezes, não ver razão para o impeachment da presidente. "Enviei uma mensagem a ele pedindo que ele faça uma escolha equilibrada. Será melhor ouvir as duas tendências dentro do partido", disse Darcísio Perondi (PMDB-RS). "Se ele só colocar gente favorável ao governo, não há outra saída a não ser trabalhar para trocá-lo", disse outro peemedebista.

Questionado pelo site de VEJA, Picciani disse desconhecer movimento para demovê-lo. "Se tem alguém fazendo isso, tem de explicar as razões. Mas isso não me preocupa. Não há maioria para essa medida", afirmou. "Eu não negocio sob pressão e converso com todos. Vou ter uma posição equilibrada e quem adotar a tática da pressão não será atendido. Eu não funciono dessa forma", continuou.

Peemedebistas chegaram a propor a Picciani fazer um sorteio dos oito deputados - medida de pronto rechaçada por ele. Em seguida, alguns deles reuniram-se sem o líder em busca de uma alternativa e passaram a disparar ofícios em papel timbrado da Câmara formalizando a intenção de integrar o colegiado.

Antes aliados de primeira hora, Picciani e o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), se afastaram em meados deste ano. O motivo foi justamente o fato de estarem em lados opostos sobre o apoio ao governo. Na manhã desta quinta-feira, em uma tentativa de reaproximação, o líder do PMDB se reuniu com Cunha em seu gabinete.

A família de Leonardo Picciani fez campanha pelo adversário de Dilma nas eleições de 2014, o senador Aécio Neves (PSDB-MG). Um dos caciques do PMDB fluminense, o pai dele e presidente da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro, Jorge Picciani, era um dos líderes do movimento "Aezão", que militava pela eleição do tucano e do governador Luiz Fernando Pezão. Neste ano, porém, Jorge Picciani costurou uma aproximação com o Palácio do Planalto.

Leonardo Picciani virou interlocutor do governo e despontou com possível candidato à sucessão de Eduardo Cunha na presidência da Câmara. Jorge Picciani também emplacou o filho caçula, Rafael Picciani, como secretário do prefeito carioca, Eduardo Paes. Favorecidos com recursos federais para obras das Olimpíadas de 2016, Pezão e Paes são defensores declarados da manutenção da aliança do PMDB com o PT e também se posicionam publicamente contra o impeachment. A ala fluminense do PMDB é uma das antagonistas do vice Michel Temer no partido.

VEJA

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