Nicolás Maduro está enfurecido com a falta de catchup na Venezuela — tanto que está ameaçando prender executivos da Heinz nesta quarta-feira se forem encontrados sinais de ‘sabotagem’ na subsidiária da empresa no país.

A ordem foi dada durante o programa ‘Contacto con Maduro’ ontem à noite, e a ‘sabotagem’ a que o ditador se refere é a falta de produtos básicos nos supermercados venezuelanos. Com a economia do país em desintegração e a dificuldade em conseguir dólares para importar insumos, muitas empresas não conseguem produzir o suficiente para atender a demanda, causando desabastecimento generalizado.
“Aí está a empresa Heinz. Não sei de quem é. Amanhã vão lá bem cedo e vão checar o que está acontecendo na empresa Heinz. E se os gerentes estiverem sabotando, aqui está o chefe do Sebin [serviço de inteligência] que os colocará na cadeia imediatamente. E já basta desta burguesia,” disse Maduro, a cinco dias das eleições parlamentares venezuelanas, que acontecem domingo. A Heinz, que Maduro finge não conhecer, é controlada por Warren Buffett e pelos brasileiros da 3G Capital.
E continuou: “Colocam [os gerentes] na cadeia. Levam ao Ministério Público. A todos os gerentes desta empresa. Eu acredito na classe trabalhadora e sei que estes trabalhadores estão dizendo a verdade. Ah, mas aí alguém se reúne com um mandachuva dessa empresa ou de qualquer outra e logo começam: ‘Não… porque tem isso e aquilo… e não me deram os dólares..’ Começam com essa coisa. Não! Acabou o seu tempo, burgueses, parasitas. O povo está mandando um recado muito claro, e eu recebo este recado no meu coração!”

“Nós produzimos, armazenamos e despachamos, infelizmente não distribuímos. Fazemos aqui um apelo ao Governo Nacional para que investigue onde está o catchup e as compotas, porque nós produzimos a 100% da capacidade e não vemos estes produtos nas prateleiras,” disse o secretário-geral do sindicato de trabalhadores da Heinz, Javier Breto. A ‘denúncia’ foi feita, em frente à fábrica, durante a negociação de um acordo coletivo. Chantagem via imprensa? Imagine.
A Heinz está longe de ser a primeira empresa a sofrer coação de Maduro, que já interveio em fábricas de papel higiênico depois que essa commodity estratégica faltou na República Bolivariana. Tampouco será a última. O show de populismo paranóico-vitimizante (pura cortina de fumaça) só vai parar quando os eleitores venezuelanos estiverem de barriga vazia e de saco cheio.
Enquanto no Brasil gente culpada teme a chegada do japonês da PF, na Venezuela gente inocente espera a visita do Governo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.