quinta-feira, 10 de dezembro de 2015

Depoimento de Bernardo Cerveró escancara movimento do PT no STJ para soltar Marcelo Odebrecht



O senador Delcídio do Amaral (PT-MS) participou de reunião em uma seguradora, no centro do Rio de Janeiro, para tratar de “movimentação política para obtenção de habeas corpus” por intermediação de um ministro do STJ de sobrenome “Navarro”, “de Natal/RN”, “que iria acontecer em breve”.

Foi o que disse nosso herói Bernardo Cerveró em depoimento de 19 de novembro à Procuradoria Geral da República, revelado nesta quinta-feira pelo Estadão.

O natalense Marcelo Navarro Ribeiro Dantas é o relator dos processos da Lava Jato no STJ, nomeado por Dilma Rousseff em setembro, com apoio de Renan Calheiros, que hoje responde a cinco inquéritos no STF.

“O tom da conversa era o de que o nomeado ‘iria resolver monocraticamente’, ‘foi indicado por não sei quem’, ‘é um legalista'”, acrescentou Bernardo, lembrando que a reunião foi “essa reunião foi marcada por Edson Ribeiro”, advogado de seu pai que tentava junto com Delcídio impedi-lo de fazer delação.

Participaram os advogados Felipe Caldeira e Nélio Machado – que foi defensor do lobista Fernando Baiano, “bem como o senador Delcídio Amaral e seu assessor Diogo [Ferreira]”.

“Ao final da reunião, já com o clima mais descontraído, o senador Delcídio Amaral chamou o depoente e Edson Ribeiro para um canto e disse, em tom sério, ‘olha, já está tudo certo, o pessoal de São Paulo está viajando, mas, quando voltar, vai resolver os seus honorários (dirigindo-se a Edson Ribeiro) e garantir ajuda para a família (dirigindo-se ao depoente)'”.

O ministro Navarro Dantas também foi citado por Delcídio na gravação de Bernardo que resultou na prisão do senador, como este blog decifrou aqui.

“O STJ, ontem eu conversei com o Zé Eduardo [Cardozo] muito possivelmente o Marcelo [Odebrecht] na Turma vai sair”.

O petista se referia à soltura do empreiteiro Marcelo Odebrecht na Quinta Turma do STJ e, coincidentemente, Navarro votou pela soltura do empreiteiro, que seria confirmada nesta quinta, mas o julgamento acabou adiado.

O STJ, no entanto, manteve o julgamento de executivos da Andrade Gutierrez, cujo presidente, Otávio Marques Azevedo, também ganhou de brinde o voto de Navarro Dantas pela conversão da prisão preventiva em domiciliar.

Semanas atrás, VEJA revelou que Delcídio do Amaral tinha encontros semanais com Lula, nos quais recebia missões. Alguém duvida que Lula está por trás da “movimentação política para obtenção de habeas corpus” de seus comparsas?

Felipe Moura Brasil ⎯ http://veja.abril.com.br/blog/felipe-moura-brasil

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