Senão vejamos; as propostas do governo Dilma para nos tirar do buraco sem fundo em que estamos caindo continuam uma piada de mau gosto, envolvendo aumento de impostos e quase nenhum corte efetivamente na carne da máquina pública. O desejo de vê-la pelas costas segue forte como nunca, mas, salvo especulações que encontramos em alguns jornais, como a Folha de São Paulo, aventando um possível acordo do PMDB com os partidos de oposição para obstruir a votação da meta fiscal, o que faria a presidente incorrer em novo crime de responsabilidade na virada do ano – especulação negada ao portal Antagonista por alguns peemedebistas -, a movimentação em seu encalço parece só sofrer reveses. O painel de assinaturas pró-impeachment colocado por oposicionistas na Câmara foi retirado, por ordens de Eduardo Cunha. Um pequeno número de manifestantes que se algemaram por lá exigindo o impeachment também foi expulso. O acampamento do Movimento Brasil Livre, ao menos, continua de pé. Sobre Cunha, o processo contra ele no Conselho de Ética está aberto, e ele já começou a soltar declarações patéticas, ao estilo de “não há clima para impeachment”. Ainda aguardamos sua decisão a respeito para depois do congresso de seu partido, mas ao que tudo indica, na esfera institucional, teremos que esperar o Papai Noel ainda com Dilma na presidência.
No Senado, Renan Calheiros, sempre cordeirinho, não dá andamento à análise do parecer do TCU, que nos deixou tão esperançosos. No Tribunal Superior Eleitoral, onde correm ações que podem levar à cassação da chapa presidencial – que já se sabia que seriam mais lentas que um impeachment -, Dias Toffoli, sempre a postos, deixou a relatoria do processo já em andamento com a ministra Maria Thereza, que fora voto vencido, defendendo que a ação não prosseguisse!!!! O jornalista Felipe Moura Brasil recorda ainda que a juíza substituta Célia Regina, que autorizou a Polícia Federal a fazer busca e apreensão nas empresas do filho de Lula, foi afastada da Operação Zelotes, com a volta do titular, o que não nos permite fazer qualquer afirmação, mas nos deixa, pelo menos, desconfiados. Para piorar, CPIs, como a do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, que poupou figuras de peso de serem convocadas – o filho de Lula, por exemplo -, parecem caminhar para fazer companhia à CPI da Petrobras na festa da pizza.
Nada disso, porém, é mais desanimador do que ver uma das últimas plataformas a dar voz à oposição verdadeira na grande mídia perdendo seu fôlego. Vítima, como todos os meios de comunicação, da crise profunda que o país atravessa e do seu modelo de sustentação econômica, a Revista Veja já vinha demitindo jornalistas e colunistas, entre eles o presidente do Conselho Deliberativo do nosso Instituto Liberal, Rodrigo Constantino. Agora a jornalista Joice Hasselmann, que vinha fazendo um excelente trabalho em formato de vídeo e entrevistas, dando voz a personagens do cenário social e político que são, por vezes, ignorados pelos demais meios jornalísticos de grande alcance, também perdeu seu espaço no site da revista. Quando estudante de Jornalismo, a Veja, pessoalmente, sempre me atraiu bastante, parecendo-me, entre todas as publicações nacionais, aquela que abria seu espaço a uma perspectiva mais próxima à nossa, embora não se equiparasse, por exemplo, à Fox News americana. Entristece-me vê-la hoje abrindo mão de importantes nomes com ideário mais liberal ou conservador e abrindo espaço para Randolfe Rodrigues, senador egresso do PSOL para a REDE, nas suas célebres “páginas amarelas”, além de defendendo o desarmamento em editorial – depois de ter defendido, à época do referendo sobre o comércio de armas, posição contrária. Isso nos faz pensar que as concessões da revista não estarão apenas na subtração de nomes da “direita”, mas também em uma relativa guinada à esquerda de sua linha editorial.
Excetuando-se portais e think tanks como o nosso Instituto Liberal, que pretendemos continue sempre, enquanto possível, cumprindo seu papel – e o robusteça ainda mais diante da demanda que aumenta -, na grande imprensa, nossa voz está silenciada. Precisamos assumir a responsabilidade direta por aumentar nosso alcance, portanto, por nós mesmos. Se não conseguirmos, se nos calarmos, se FORMOS calados, então a vitalidade de nossa democracia, que começou a despertar com mais vigor este ano nas manifestações de revolta do povo brasileiro nas ruas, terminará por ser sepultada, e os inimigos da liberdade vencerão. A essa altura, já não me preocupo mais em ser enxergado como paranoico, deselegante, lunático, extremista ou o que seja. É inevitável. A doença cultural e ideológica está tão alastrada que qualquer um que se disponha a martelar verdades será inevitavelmente rotulado dessa forma. Não quero é assumir a responsabilidade por deixar que a pusilanimidade mate o país; isso sim me mortificaria.
Algo que nos anime, em caráter de exceção? Até há. O procurador da Lava Jato, Deltan Dallagnol, embora a operação tenha perdido o poder sobre alguns aspectos do esquema que investiga graças à decisão do ministro do STF, Teori Zavascki, insiste em dizer que ele e seus companheiros não desistirão do Brasil. Já é uma possibilidade, segundo o Antagonista, que eles invistam, no ano que vem, contra os partidos políticos envolvidos no esquema, diretamente, com ações na Justiça que podem levar à cassação de seus registros. Espero realmente que sim, que persistam. Não devemos, entretanto, deixar tudo nas mãos deles. O ideal é irmos às ruas, é promovermos ao menos uma nova grande manifestação! Nosso calor precisa voltar a soprar no cangote dos tiranos que aparelharam nossas instituições e sugaram nossas possibilidades.
Nesse sentido, outra notícia pode apimentar o cenário. Os caminhoneiros, em um movimento independente de sindicatos, anunciam uma nova greve para começar esta semana. A pauta? A renúncia de Dilma Rousseff. Se o potencial dessa greve, cujos agitadores se alinham com as bandeiras dos movimentos populares anti-governo, se confirmar, a história pode sofrer uma virada a nosso favor. Somando-se isso com as agruras econômicas que já sabemos que estão por vir e devem deixar a vida do governo ainda mais difícil, tudo pode acontecer. A certeza absoluta é de que não teremos um Natal e uma virada de ano tão felizes quanto poderíamos. A lamentar. E agir!
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