segunda-feira, 9 de novembro de 2015

TSE, Zavascki, Revista Veja, Cunha… Alguma coisa está dando certo? Por Lucas Berlanza

Não temos escolha, prezados leitores, a não ser seguir com nossas vidas, com nossos afazeres, e nos dar ao luxo de nossos pequenos prazeres, afinal ninguém é de ferro. No entanto, a sensação que temos é de que a semana foi desesperadora. Parece que as coisas não estão dando certo. Passeando pelos noticiários, encontramos uma sucessão revoltante de fracassos. Fracassos nas intenções dos movimentos de oposição legítima ao governo do PT, fracassos do Brasil como nação, fracassos das nossas instituições.
Senão vejamos; as propostas do governo Dilma para nos tirar do buraco sem fundo em que estamos caindo continuam uma piada de mau gosto, envolvendo aumento de impostos e quase nenhum corte efetivamente na carne da máquina pública. O desejo de vê-la pelas costas segue forte como nunca, mas, salvo especulações que encontramos em alguns jornais, como a Folha de São Paulo, aventando um possível acordo do PMDB com os partidos de oposição para obstruir a votação da meta fiscal, o que faria a presidente incorrer em novo crime de responsabilidade na virada do ano – especulação negada ao portal Antagonista por alguns peemedebistas -, a movimentação em seu encalço parece só sofrer reveses. O painel de assinaturas pró-impeachment colocado por oposicionistas na Câmara foi retirado, por ordens de Eduardo Cunha. Um pequeno número de manifestantes que se algemaram por lá exigindo o impeachment também foi expulso. O acampamento do Movimento Brasil Livre, ao menos, continua de pé. Sobre Cunha, o processo contra ele no Conselho de Ética está aberto, e ele já começou a soltar declarações patéticas, ao estilo de “não há clima para impeachment”. Ainda aguardamos sua decisão a respeito para depois do congresso de seu partido, mas ao que tudo indica, na esfera institucional, teremos que esperar o Papai Noel ainda com Dilma na presidência.

No Senado, Renan Calheiros, sempre cordeirinho, não dá andamento à análise do parecer do TCU, que nos deixou tão esperançosos. No Tribunal Superior Eleitoral, onde correm ações que podem levar à cassação da chapa presidencial – que já se sabia que seriam mais lentas que um impeachment -, Dias Toffoli, sempre a postos, deixou a relatoria do processo já em andamento com a ministra Maria Thereza, que fora voto vencido, defendendo que a ação não prosseguisse!!!! O jornalista Felipe Moura Brasil recorda ainda que a juíza substituta Célia Regina, que autorizou a Polícia Federal a fazer busca e apreensão nas empresas do filho de Lula, foi afastada da Operação Zelotes, com a volta do titular, o que não nos permite fazer qualquer afirmação, mas nos deixa, pelo menos, desconfiados. Para piorar, CPIs, como a do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, que poupou figuras de peso de serem convocadas – o filho de Lula, por exemplo -, parecem caminhar para fazer companhia à CPI da Petrobras na festa da pizza.

Nada disso, porém, é mais desanimador do que ver uma das últimas plataformas a dar voz à oposição verdadeira na grande mídia perdendo seu fôlego. Vítima, como todos os meios de comunicação, da crise profunda que o país atravessa e do seu modelo de sustentação econômica, a Revista Veja já vinha demitindo jornalistas e colunistas, entre eles o presidente do Conselho Deliberativo do nosso Instituto Liberal, Rodrigo Constantino. Agora a jornalista Joice Hasselmann, que vinha fazendo um excelente trabalho em formato de vídeo e entrevistas, dando voz a personagens do cenário social e político que são, por vezes, ignorados pelos demais meios jornalísticos de grande alcance, também perdeu seu espaço no site da revista. Quando estudante de Jornalismo, a Veja, pessoalmente, sempre me atraiu bastante, parecendo-me, entre todas as publicações nacionais, aquela que abria seu espaço a uma perspectiva mais próxima à nossa, embora não se equiparasse, por exemplo, à Fox News americana. Entristece-me vê-la hoje abrindo mão de importantes nomes com ideário mais liberal ou conservador e abrindo espaço para Randolfe Rodrigues, senador egresso do PSOL para a REDE, nas suas célebres “páginas amarelas”, além de defendendo o desarmamento em editorial – depois de ter defendido, à época do referendo sobre o comércio de armas, posição contrária. Isso nos faz pensar que as concessões da revista não estarão apenas na subtração de nomes da “direita”, mas também em uma relativa guinada à esquerda de sua linha editorial.


Excetuando-se portais e think tanks como o nosso Instituto Liberal, que pretendemos continue sempre, enquanto possível, cumprindo seu papel – e o robusteça ainda mais diante da demanda que aumenta -, na grande imprensa, nossa voz está silenciada. Precisamos assumir a responsabilidade direta por aumentar nosso alcance, portanto, por nós mesmos. Se não conseguirmos, se nos calarmos, se FORMOS calados, então a vitalidade de nossa democracia, que começou a despertar com mais vigor este ano nas manifestações de revolta do povo brasileiro nas ruas, terminará por ser sepultada, e os inimigos da liberdade vencerão. A essa altura, já não me preocupo mais em ser enxergado como paranoico, deselegante, lunático, extremista ou o que seja. É inevitável. A doença cultural e ideológica está tão alastrada que qualquer um que se disponha a martelar verdades será inevitavelmente rotulado dessa forma. Não quero é assumir a responsabilidade por deixar que a pusilanimidade mate o país; isso sim me mortificaria.
Algo que nos anime, em caráter de exceção? Até há. O procurador da Lava Jato, Deltan Dallagnol, embora a operação tenha perdido o poder sobre alguns aspectos do esquema que investiga graças à decisão do ministro do STF, Teori Zavascki, insiste em dizer que ele e seus companheiros não desistirão do Brasil. Já é uma possibilidade, segundo o Antagonista, que eles invistam, no ano que vem, contra os partidos políticos envolvidos no esquema, diretamente, com ações na Justiça que podem levar à cassação de seus registros. Espero realmente que sim, que persistam. Não devemos, entretanto, deixar tudo nas mãos deles. O ideal é irmos às ruas, é promovermos ao menos uma nova grande manifestação! Nosso calor precisa voltar a soprar no cangote dos tiranos que aparelharam nossas instituições e sugaram nossas possibilidades.
Nesse sentido, outra notícia pode apimentar o cenário. Os caminhoneiros, em um movimento independente de sindicatos, anunciam uma nova greve para começar esta semana. A pauta? A renúncia de Dilma Rousseff. Se o potencial dessa greve, cujos agitadores se alinham com as bandeiras dos movimentos populares anti-governo, se confirmar, a história pode sofrer uma virada a nosso favor. Somando-se isso com as agruras econômicas que já sabemos que estão por vir e devem deixar a vida do governo ainda mais difícil, tudo pode acontecer. A certeza absoluta é de que não teremos um Natal e uma virada de ano tão felizes quanto poderíamos. A lamentar. E agir!

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.