Aqui, seria até uma boa notícia: a redução de nossa tragédia de 160 Mortos por dia. Havia brasileiros no Bataclan, mas todos sobreviveram. Talvez por estarem acostumados com a violência e estarem com defesas intuitivas, aprendidas na rotina de medo e insegurança das cidades brasileiras. Já nos habituamos com a morte violenta, os assaltos, os roubos, os fuzis, os sequestros, as explosões, a crueldade. Mas nos solidarizamos com os franceses e não com nós mesmos. As 160 vidas tiradas a cada dia perderam o valor. São pequenos dramas domésticos que se perdem na rotina e nem chegam aos jornais. Vidas brasileiras sem valor. Não tem o valor dos mortos franceses. Não pensamos em fazer manifestações diante do Palácio do Planalto, do Ministério da Justiça ou do Congresso. Nem cobrir esses palácios de verde e amarelo. Cobrimos o Cristo Redentor com as cores do Brasil só quando a seleção ganha no futebol. Bendita Alemanha que nos privou dessa ignomínia .
O presidente da França, Francois Hollande, disse que os ataques foram um ato de guerra. Aqui, o crime mata mais de 60 mil por ano, superando a guerra na Síria e não reagimos. Não declaramos guerra ao crime. Não exigimos mudança das leis e regulamentos que nos desarmam e castram nossa capacidade de defesa. Não tomamos partido da polícia, que se sacrifica por nós, a despeito das leis que dão direitos aos bandidos. Não exigimos de nossos representantes na Câmara e no Senado leis mais eficazes que estejam contra bandidos e protejam os direitos humanos das vítimas. O maior direito, que é o direito à vida, quando é desprezado, significa a barbárie já estabelecida. É o que a França quer evitar. Aqui, não evitamos e estamos todos refréns dentro de um grande Bataclan.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.