sexta-feira, 30 de outubro de 2015

Portal Libertarianismo- Uma estratégia eficiente para derrotar o estado: “agorismo” por Nicholas Hooton

A ideia de me filiar ao Partido Libertário já me seduzia há muitos anos quando eu descobri, pela primeira vez, a filosofia libertária, assim como seduziu muitos antes e depois de mim. O website do Partido surgiu na minha frente, e com alguns cliques e espaços eu poderia ser um membro de carteirinha de uma organização que apoiava a liberdade.
No fim das contas, o mesmo pensamento racional e autoexame que me levou ao libertarianismo revelou-me os verdadeiros motivos por trás do meu desejo de me filiar: uma necessidade psicológica básica de atenção e de ser parte de algo. Eu estou feliz em informar que eu saí do website sem me filiar, e assim quero permanecer.
Posteriormente, aprendi quão perto estive de nunca saber a paz e a prosperidade que advém do entendimento e prática do anarquismo. A tentação não tinha sido somente uma de puramente fazer parte, mas de obter poder – poder político, nesse caso. Eu sabia que, se me candidatasse a um cargo político, eu provavelmente necessitaria o apoio financeiro de um partido político, e me candidatar como democrata ou republicano teria sido um ato absolutamente hipócrita.
Enquanto os “partiarcas” estavam ocupados sacrificando os princípios no altar da intriga política, a “nova esquerda libertária” nasceu. Alguns se chamavam voluntaristas e rejeitavam todos os meios políticos para alcançar os objetivos libertários. Os voluntaristas são conhecidos por se absterem de votar, alguns até afirmam que este é um ato imoral. Eles também são conhecidos pela não-cooperação pacífica. Em nenhum lugar essa estratégia tem sido melhor explorada e posta em prática, todavia, do que na escola de pensamento dentro desse movimento que se chama “agorismo”.
Na sua obra, Konkin descreveu o que ele chamou de “contra-economia” ou “toda a ação humana (não-coerciva) cometida em oposição ao estado”. Agorismo é a “integração coerente da teoria libertária com a prática contra-econômica”. A contra-economia inclui as atividades do mercado negro – atividades ilegais que não são violentas ou invasivas e, portanto, “sem vítimas” – e as atividades do mercado cinza – atividades que não são ilegais mais conduzidas de maneira proibida pelo estado.
Muitos ficam chocados quando se deparam com a contra-economia pela primeira vez. Praticar atividades ilegais não é como eles visualizam seu ativismo político ou a forma pela qual eles mudam suas vidas; mas o fato é que praticamente todo mundo pratica ou regularmente pratica tais atividades. Se você já teve uma banca de limonadas ou um brechó, ou vendeu algo online sem se sujeitar a todos as leis tributárias e regulatórias aplicáveis, você é um contra-economista. Se você já usou uma receita médica vencida, ou a receita médica de outra pessoa, ou fumou maconha, você é um contra-economista. Se você não pagou de acordo o seu imposto de renda, mesmo sem saber, mesmo sendo alguns centavos, você é um contra-economista.
Meu pai me ensinou as primeiras lições em contra-economia, embora eu não soubesse até muitos anos depois. Ele me ensinou a comprar e vender carros. Nessas transações, o vendedor poderia oferecer ao comprador a oportunidade de informar um preço de venda bem reduzido de forma a reduzir o valor dos impostos que o comprador terá de pagar.
Como vendedor, meu pai foi para mais viagens do que posso me recordar e com frequência me levava para viajar com ele. Eu recordo que ele tinha um detector de radar para evitar multas por velocidade. Ele também tinha um rádio PX com o qual podia interagir com comboios de caminhão e ser informado onde havia radares e coisas do tipo. Ele me ensinou o linguajar e me ajudou a entender como ganhar a confiança de outros operadores de rádio através da construção de uma reputação.
Atividades como essas e muitas outras oferecem uma estratégia coerente e realista para enfraquecer e, em última instância, substituir o estado. Como os agoristas praticam o comércio fora do radar com outros agoristas e comerciantes libertários, as organizações como redes de escambo, cooperativas, associações de ajuda mutual, sistemas de troca locais, firmas de arbitragem, e redes de segurança podem pouco a pouco oferecer alternativas viáveis aos serviços e ostensivamente oferecidos pelo estado. A prosperidade seguirá.
Uma sociedade é simplesmente um grupo de dois ou mais indivíduos, e um mercado é simplesmente um lugar ou sistema no qual dois ou mais indivíduos dedicam-se à troca. Se a filosofia moral libertária é válida, se o princípio de não-agressão é realmente um princípio ético universal pelo qual a interação humana deveria ser guiada, então ele é verdadeiro em todas as épocas e lugares, em todas as sociedades e mercados.
Saber que você é livre, que você sempre foi, e que você sempre será, é uma das ideias mais pacíficas e liberais que descobri. Você é livre. Qualquer agressão cometida contra você pelo estado ou qualquer outra pessoa ou organização é ilegítima, e você tem o direito de se defender. A questão não é o que você fará para alcançar uma sociedade livre. A questão é o que você fará, todo e cada dia, para responder à significativa ameaça criminal existente nessa sociedade livre hoje. Eu admito que o agorismo é a única resposta filosoficamente coerente à questão.
Veja também
// Tradução de Matheus Pacini. Revisão de Ivanildo Santos III. | Artigo Original

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