sábado, 24 de outubro de 2015

Portal Libertarianismo- O que Schumpeter pensaria da mudança da Playboy?

A Playboy finalmente encontrou uma nova forma de chocar e excitar o mundo.
A revista anunciou que não trará mais nudez total. Em vez disso, ela investirá em um estilo parcialmente coberto, pin-uppor assim dizer.
Quando ouvi a notícia, eu pensei imediatamente no que o grande economista Joseph Schumpeter teria dito. Schumpeter, que buscou famosamente se tornar o maior economista, amante e cavaleiro do mundo – admitindo seu fracasso quanto à questão equestre – teria certamente seguido as notícias da Playboy com muito interesse.
Contudo, o interesse de Schumpeter teria sido não somente profissional, mas também lascivo. Como Michael Miller escreve no Washington Post:
Ao tornar rotineiras as imagens provocantes de mulheres nuas, a Playboy inevitavelmente criou um mercado para seus concorrentes. Na década de 1970, a Playboy disputou cabeça a cabeça com a recém-chegada Penthouse, cuja nudez mais explícita levou com que a Playboy se tornasse também mais extrema… a Playboy reduziu seu conteúdo explícito, tentando recuperar sua reputação de “vizinha safada”; contudo, a revista seria alvo de competição ainda mais forte com o advento da Internet. Repentinamente, a pornografia impressa não era somente acessível online. Ela era gratuita. A tiragem da Playboy, que tinha chegado a 5,6 milhões de exemplares em 1975, caiu para seu nível atual de 800 mil unidades.
O desaparecimento da nudez total na revista Playboy é, em outras palavras, um exemplo perfeito do conceito schumpeteriano de destruição criativa: Schumpeter escreveu que “o fato essencial sobre o capitalismo” é a destruição criativa – o processo “que revoluciona incessantemente a estrutura econômica a partir de dentro, destruindo incessantemente o antigo e criando elementos novos
Assim como os fabricantes de chicotes foram levados à falência pelo advento do automóvel, e os fabricantes de telefone de parede foram levados à falência pelo advento do celular, os fornecedores tradicionais de pornografias podem ser afastados do mercado pela tecnologia. Na verdade, a pornografia pode ser um negócio que é particularmente sensível ao progresso econômico. Embora seja uma questão controversa, muitas revistas sobre tecnologia alegam que a disponibilidade superior de filmes pornôs em VHS levou ao fim do Betamax. O acadêmico de Direito Peter Johnsonargumentou em 1996 que:
Ao longo da história das novas mídias, do discurso oral à máquina de escrever, passando pela fotografia, livros, vídeo cassete, TV a cabo, o 0800, o Minitel, a Internet e os DVDs, a pornografia sempre mostrou à tecnologia o caminho que ela deveria seguir.
Duas décadas depois do artigo de Johnson, vemos que ele estava correto. Com uma quantidade crescente de pornografia online, acessível de forma precisa de acordo ao desejado pelo usuário, as imagens da Playboy tornaram-se cada vez mais opacas e antiquadas. O desejo por imagens devizinhas safadas – exitosamente atendido pela Playboy por tanto tempo – é, presumivelmente, mais facilmente atendido por vizinhas reais atualmente, por meio do uso do Snapchat e do Tinder. APlayboy precisava tornar-se mais criativa e mudar, ou seria destruída pela criatividade da concorrência.
Mas enquanto os críticos da pornografia têm há muito argumentado que a proliferação de pornografia online está produzindo uma raça de depravados e indecentes, a Playboy escolheu inovar ao seguir na direção contrária. Esta me parece uma grande sacada de marketing!
Embora a sacada possa bem ter sido proposta para evitar problemas com as leis chinesas antipornografia, a febre hipster em praticamente tudo – de comida enlatada ao tricô, danças, modas, penteados clássicos – o afastamento do posicionamento da marca Playboy como fonte de fotos sensuais da década de 1950 é bem inteligente. Ao invés de cheirar à naftalina, a revista pode conseguir recriar sua marca como algo tão desejável quanto um par de óculos casco de tartaruga ou uma bicicleta de uma única marcha.
As pessoas que se preocupam com a inovação ou tecnologia excessiva, e a perda dos bons e velhos tempos deveriam prestar atenção ao seu redor. O esforço incansável do mercado, a necessidade de satisfazer novos consumidores com preferências e restrições diferentes, a pressão incansável por novas tecnologias, e o desejo dos concorrentes de se destacarem no mercado produziram – como sua última inovação – o bom e velho estilo cheesecake.
Schumpeter estaria orgulhoso!
// Tradução de Matheus Pacini. Revisão de Ivanildo Santos III. | Artigo Original

Sobre o autor

SSkwire-001
Sarah Skwire publicou artigos acadêmicos em áreas tão diversas quanto Shakespeare e Buffy, the Vampire Slayer, e seus escritos figuraram em diversos jornais renomados. Ela ocasionalmente palestra para o Institute for Human Studies e outras organizações. Sua poesia já figurou no Standpoint, no The New Criterion, e no The Vocabula Review. Seu atual projeto aborda longamente o tópico do dinheiro na jovem poesia moderna. Ela gradou-se com honra em Inglês pela Wesleyan University, e recebeu o Mestrado e o PhD em Inglês pela University of Chicago.

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