segunda-feira, 14 de setembro de 2015

A América Latina pede socorro-Por Lucas Berlanza

america_latinaAo mesmo tempo em que a oposição brasileira intensificou o discurso e se articulou, com ares de oficialidade, pelo impeachment da presidente Dilma, lançando uma petição virtual que já tem quase um milhão de assinaturas, um vizinho governado por parceiros do PT deu novos sinais do quanto é urgente a queda do aliado tupiniquim. Com o silêncio covarde e cúmplice de Dilma Rousseff, o tirano da Venezuela, Nicolas Maduro, logrou êxito em ver seu opositor mais inflamado, Leopoldo López, condenado a 13 anos e 9 meses de prisão.
As potências internacionais, embora atentas a seus próprios problemas e aos riscos do terrorismo islâmico e dos conflitos no Oriente Médio, não ficaram completamente caladas. Segundo a União Europeia, conforme matéria do G1, o julgamento “careceu das garantias adequadas de um processo transparente”. Juristas venezuelanos e estrangeiros acusam o desprezo às normas e à independência de poderes no julgamento do corajoso líder político que se entregou às garras do regime opressor. A sentença se aplica, de acordo com os venezuelanos, pela acusação de “promover a violência nos protestos contra o governo do presidente”. Risível; um tiranete despudorado, bufão, que afirma conversar com o Espírito do seu antecessor Hugo Chávez na forma de um passarinho, cujo governo reprime violentamente manifestações, promove eleições inteiramente sob suspeita e faz vista grossa às milícias e forças clandestinas armadas que fazem imperar o caos em nome do chavismo, e que mantém um país reduzido à miséria e à opressão por um sistema espúrio e socialista – é este sujeito que acusa uma “extrema direita” inexistente, à qual Leopoldo pertenceria, de “promover a violência”. López sequer é um liberal clássico ou conservador; o Voluntád Popular, ao qual pertence, é um partido social democrata, no máximo – mas, destacamos, com uma dose de valentia e bravura diante da situação extrema que nos faz inveja, considerando o que as nossas oposições partidárias fizeram até hoje.
A distorção é inconcebível, intolerável, inaceitável. Só tem lugar em um cenário em que a mistura de populismo e esquerdismo ranheta se converteu em enfermidade crônica a, dentro do programa concebido pelos integrantes do Foro de São Paulo e seus aliados imediatos, abater imensa parcela da América Latina. Uma passada de olhos sobre nosso vulnerável continente permite observar que partidos com essas tendências, adaptando seus meios de atuação às estruturas constitucionais e sociais dos países em que se instalam, atingiram o poder e estão decretando nosso acelerado trajeto rumo ao atraso e à falência. Ainda que grasnem os tolos que a região vive uma era de “democracia ampla” e instituições saudáveis, a enfermidade, aproveitando-se da retórica vazia de um “democratismo” utópico, se alastra e condena esta porção de terra às mais severas restrições perante o mundo econômico globalizado.
Na Argentina, o kirchnerismo, embora o Partido Justicialista não seja oficialmente um membro original do Foro, se articulou com seus integrantes e afundou o país em uma crise profunda, ao mesmo tempo em que se viu às voltas com as suspeitas sobre a morte do promotor Alberto Nisman. Na Bolívia, Evo Morales, líder sindical e integrante do Movimento Para o Socialismo, coordena um governo antiamericano (ou “anti-imperialista”, como eles gostam de dizer), profundamente nacionalista e protecionista, em um país em que recentemente eleitores foram ameaçados com chicotadas (??) se não “andassem na linha”. O Chile, até então relativamente protegido dessa influência e com uma estrutura mais liberal, curiosamente legada pelo ditador Pinochet, agora está sob o governo da socialista Michelle Bachelet, que já apronta das suas e cai em descrédito perante a população. O Equador patina nas mãos de Rafael Correa, admirador confesso do chavismo. O Peru também tem um presidente da esquerda nacionalista, Ollanta Humala; o Uruguai segue nas mãos da Frente Ampla de Mujica, agora com seu correligionário Tabaré Vásquez como presidente; a Nicarágua continua sob o poder de José Daniel Ortega Saavedra, ex-guerrilheiro do movimento revolucionário sandinista, que segue se reelegendo indefinidamente; por fim, nações menores, como El Salvador, Dominica e República Dominicana, também são hoje governadas por partidos membros do Foro de São Paulo.

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