terça-feira, 25 de agosto de 2015

Confissão e perdão: se Dilma quer mesmo pedir desculpas ao povo brasileiro, ela deve renunciar!



A presidente Dilma “admitiu que errou”. Conforme expliquei aqui, foi um pedido de desculpas insincero, cínico. Com base em Roger Scruton, que fala do perdão em Como ser um conservador, podemos ter uma ideia melhor do que Dilma deveria fazer se deseja mesmo o perdão do povo brasileiro:

Na tradição cristã, os principais atos de sacrifício são a confissão e o perdão. Aqueles que confessam, sacrificam o orgulho, visto que aqueles que perdoam, sacrificam o próprio ressentimento, renunciando pelo perdão algo que era caro aos seus corações. Confissão e perdão são hábitos que tomaram possível a nossa civilização.


O perdão só pode ser oferecido sob certas condições, e uma cultura de perdão é a que introduz tais requisitos na alma individual. Podemos perdoar àqueles que nos ofenderam somente se eles reconhecerem a propria culpa. Não chegamos a esse reconhecimento por dizer “sim, é verdade, fiz isso mesmo”. O perdão exige penitência e remissão. Por intermédio de tais atos de auto-humilhaçao, o autor de uma injustiça aniquila-se para a vítima e restabelece a igualdade moral que permite o perdão. Na tradição judaico-crista, tudo isso é bem conhecido e incorporado nos sacramentos da Igreja Católica Romana, bem como os rituais e a liturgia do Yom Kippur. Herdamos dessas fontes religiosas a cultura que nos permite confessar as faltas, compensar as vítimas e sustentarmos uns aos outros em todas as questões em que a livre conduta pode prejudicar os que em nós depositam confiança.

A responsabilidade de um cargo público é apenas uma manifestação dessa herança cultural e não devemos nos surpreender que essa seja a primeira coisa a desaparecer quando os utópicos planejadores assumem o controle.

O perdão exige penitência e remissão. Não basta dizer que errou, ainda mais assumindo um erro menor para fugir do maior. Isso é oportunismo e hipocrisia. Portanto, se Dilma quer realmente buscar o perdão por seus inúmeros erros que tornaram a vida do brasileiro um inferno, só há um caminho a seguir: a renúncia!

Mesmo assim não há garantias de perdão. Mas o ato de penitência não é genuíno e não tem valor moral se não for sincero, ou seja, se não for visto como o certo a fazer pelo pecador, mesmo que ele não tenha certeza de seu perdão depois.

O certo a fazer, para Dilma, é renunciar. Somente assim ela terá alguma chance de ser perdoada. Do contrário, continuará a ser odiada, rejeitada, desprezada e repudiada por quase 70% da população brasileira, quantidade que tende a aumentar com o agravamento da crise.

Sua renúncia ainda deve vir acompanhada de um pedido público de desculpas a todos que foram ridicularizados pelo PT e por sua campanha. Aécio Neves, Marina Silva, os economistas liberais que alertaram para o tamanho da crise, a todos Dilma deveria se curvar e pedir perdão.

Dito isso, pergunto: alguém acha que Dilma tem dignidade para um ato nobre como esse, que pouparia o país de um processo doloroso de impeachment ou, pior ainda, de mais três anos inteiros e uns quebrados com esse desgoverno?

Rodrigo Constantino

Comentário:
Textículos do Jota (ES)
Como podemos perdoar uma esquerdopata que nos afronta diuturnamente, se temos certeza de que ela é incapaz de reconhecer a própria culpa? Como perdoar aquela que, metódica e permanentemente, ultraja a inteligência, debocha do cidadão de bem e abocanha o bolso alheio, se temos absoluta certeza de que é incapaz de perdoar a si própria? O perdão, assim como a escolha, é uma iniciativa individual. Da mesma forma que ninguém nasce esquerdopata nem é forçado a sê-lo – alguém é esquerdopata porque escolheu -, só o esquerdopata pode perdoar a si próprio, porque só ele pode reconhecer que impor a vontade pela bestialidade, vigarice intelectual e petrorroubalheira é uma atitude repugnante e, óbvio, provar ao planeta que presta que está de volta à realidade. Arrependimento e perdão não se impõem; confiança, amor, amizade, credibilidade e respeito adquirem-se. A renúncia da governanta – a “mulher sapiens” primeira e única, que homenageia a mandioca e se esquece do produtor – seria um gesto inicial para quem deseja entrar no mundo das pessoas de vergonha na cara: a “direita” da esquerda.

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