segunda-feira, 31 de agosto de 2015

ARTIGO, VITOR VIEIRA - A FALSA CRISE DO RIO GRANDE DO SUL

A foto é também do blog do jornalista Vitor Vieira, o VideVersus. - 

O Rio Grande do Sul é um Estado esquizofrênico. Existem dois Estados no Rio Grande do Sul. O primeiro é aquele que se vê da Capital, Porto Alegre. O segundo é o do Interior. Porto Alegre é uma cidade de burocratas. Quase todo mundo é funcionário público em Porto Alegre, seja das esferas federal, estadual ou municipal, ativo ou inativo, das administrações direta, indireta, fundacional, autárquica ou de sociedades de economia mista. Praticamente não tem casa ou família onde não haja um funcionário público. São mais de 700 mil pessoas vivendo na capital em estreita ligação funcional com o setor público. Isto condiciona cultura, isto impõe uma postura política mais ou menos uniforme, de cunho estatizante, populista, corporativista. Em resumo, paralisante, porque burocrata é a antípoda do empreendedor.

Burocrata gosta de estabilidade, garantia funcional, nenhuma marola, salário garantido no fim do mês até mesmo depois da morte. Toda a imprensa gaúcha que importa,que tem repercussão, está em Porto Alegre. é uma imprensa que repercute esse clima, essa condição social, em resumo, é uma imprensa que só trata de interesses corporativos. Ligue as rádios de Porto Alegre, especialmente nestes dias você ouvirá só anúncios de sindicatos do setor público. Os jornalistas, quando não são eles próprios chapas brancas (têm um emprego em veículo privado de comunicação e outro no setor público, ou saem do setor privado para trabalhar em assessorias no setor público, influenciando seus colegadas nas redações de jornais, rádios, televisões, sucursais, internet), têm familiares no serviço público. Cultura é algo que absorve quase por osmose. 

Os jornalistas em Porto Alegre, esquerdistas quase por natureza, são retrógrados também por natureza, atrasados, corporativistas, populistas, e refletem e ampliam a crise financeira enfrentada pelo setor público, como se esta retratasse toda a vida gaúcha. Isto simplesmente não é verdade, Basta sair uns 100 quilômetros de Porto Alegre em direção ao Interior, em qualquer direção, para se verificar que uma outra vida, uma outra cultura, viceja lá. As filhas, sobrinhas, netas, de fazendeiros, continuam fazendo suas viagens para o Exterior, preferencialmente aos Estados Unidos (Flórida, Miami) e Caribe, mas também para Argentina e Chile, porque, embora os preços das commodities agrícolas tenham caído, a valorização do dólar está mantendo a prosperidade no campo. Mas, tem outro detalhe fundamental: a maioria das pessoas, nesse mundo do Interior, tem uma mentalidade empreendedora, desafiadora. 

As pessoas são acostumadas a correr riscos, porque não têm a garantia do salário bancado pelo Papai Estado, pela mãe Teta Pública. As pessoas vão à luta. E são pessoas que dependem muito menos do aparelho do Estado. Aliás, o Estado é visto por elas como um ente que só serve para atrapalhar a vida. Aí está, essa é a dicotomia vivida pelo Rio Grande do Sul. É por isso que os gaúchos não se conscientizam completamente da intensidade da crise vivida pelo Estado. É por isso que os funcionários públicos não sensibilizam o povo gaúchos. É simples assim. Uma consulta aos dados estatísticos exibidos no site do IBGE ajudaria bastante a raciocinar. Mas isso também é outra coisa a que não está acostumada a elite gaúcha localizada em Porto Alegre que se deixa dominar pela cultura estatizante, corporativa, populista.

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