terça-feira, 5 de maio de 2015

Oliver: UFOS na janela

VLADY OLIVER
Acho interessante notar que boa parte da imprensa escamoteia deliberadamente as denúncias que vêm sendo feitas de fraudes eleitorais na Venezuela – denunciadas no livro recém lançado Bumeran Chávez, de Emili Blasco – não por acaso um espelho de tudo o que aconteceu por aqui mesmo nas nossas eleições presidenciais, marcadas pela mais completa ilegitimidade e ilegalidade. Todos aqui sabem o que foi feito para fraudar as eleições presidenciais brasileiras. Uma campanha desonesta. Dinheiro público desviado para milícias virtuais e reais, buscando ameaçar e amedrontar parte do eleitorado. Nenhum investimento em transparência do sistema eleitoral, possibilidade de auditoria, segurança das urnas eletrônicas e demais procedimentos que poderiam minimizar a possibilidade de fraudes e adulteração dos resultados.
É certo que a semelhança no modus operandi lá e aqui dá margem a todo tipo de especulação, incluindo aí não sabermos a real participação da empresa bolivariana Smartmatic no episódio e na adulteração dos resultados em favor dos candidatos bolivarianos por aqui dissimulados em governo. Não sou conspiracionista. Tanto que defendi por um bom tempo o sistema, não pela inviolabilidade das urnas, mas pela segurança do processo, baseado tão somente no fato de que a transmissão de dados e o processo de tabulação é algo facilmente auditável quando se quer efetivamente auditar alguma coisa. Para isto, precisaríamos contar com a fiscalização efetiva tanto da oposição quanto da situação, ambas vigiando a transmissão dos dados, checando nas bases se os números transmitidos eram efetivamente os computados e quais saídas de dados estariam sendo apresentadas aos representantes de cada candidato, autorizados a acompanhar a evolução da tabulação do pleito.
Insisto em perguntar: onde estava a oposição nessa hora? Foi convidada a participar da contagem? Impedida? Omitiu-se? Por quê? No caso de ter acompanhado a apuração, saberia montar um relatório sobre o procedimento? Quais falhas poderiam ser apontadas? É impressionante que não se perceba que a eleição só pode ser legitimada com ambas as partes concordando com a lisura do processo. Não sei se houve fraude, embora possa afirmar que, do jeito que está, o processo é fraudável e, portanto, pode ser colocado sob suspeita. Insisto em afirmar, no entanto, que só pode ter havido fraude com a cumplicidade da oposição . É dos oposicionistas a responsabilidade pela validação do esquema. Se não podem dar uma explicação plausível para a omissão pusilânime em que se meteram, o eleitor só pode concluir o pior: são duas faces da mesmíssima moeda podre.
Essa sombra gigantesca paira sobre a cabeça de Aécio Neves. É dele a culpa pela validação do pleito, não de Dilma Rousseff. Não podemos aceitar um candidato que dorme na hora da contagem dos votos. Muito menos um que aceita a fraude como se nada fosse. Menos ainda um que não sai da janela para se manifestar efetivamente sobre o assunto. Percebam que o assunto é como um carro que capotou e matou vários de seus ocupantes. Quem estava dirigindo era um “dimenor” sem habilitação e muito acima da velocidade permitida. No banco ao lado, no entanto, o pai do “dimenor” se divertia em ver o filho fazendo suas manobras, sem assumir o risco de que era sim o responsável final pela tragédia anunciada.
Vai querer se eximir da culpa agora? Jogar a responsabilidade inteira sob o garoto? Alegar desconhecimento das leis? Alegar inocência? Não cola, oposição. Melhor sair do veículo com as mãos para cima e assumir a responsabilidade. A descoberta do crime pode ter consequências ainda mais nefastas para este simulacro de democracia. Definitivamente merecemos os políticos em quem votamos, meus caros. Aplaudam este, agora.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.