sexta-feira, 27 de março de 2015

Recado de Caplan para Dilma: até populistas precisam maneirar no populismo

Meu cachorro resolveu fazer xixi em alguns de meus livros, que ficam na parte de baixo da prateleira. Retaliação porque estava viajando para lançar meu novo livro ontem. Minha primeira reação foi colocá-lo de castigo após uma bela bronca, claro, pois os petistas podem fingir não saber quando fazem “caca”, mas até os cães entendem perfeitamente a diferença entre certo e errado.
Mas depois, quando a raiva inicial se dissipou, resolvi analisar melhor seus alvos. Entre eles, estava o excelente The myth of the rational voter, de Bryan Capan, que já comentei aqui. Caplan não é um grande entusiasta da democracia de massas, pois sabe como ela acaba induzindo o e levando ao populismo.
Folheando as páginas tingidas de amarelo e com forte odor, deparo-me com essa passagem perfeita para os dias de hoje, quando as medidas populistas de Dilma voltam feito um bumerangue para assombrá-la, fazendo sua popularidade derreter mais rápido do que sorvete no asfalto do verão carioca:
Os políticos enfrentam uma situação desconfortável: “Populismo descarado funciona bem no início, mas uma vez que as consequências negativas cheguem, os eleitores vão me culpar, não a si mesmos”. Isso dificilmente implica que nunca compensa tomar a rota populista. Mas os líderes têm de encontrar um equilíbrio entre fazer o que o público pensa que funciona e o que realmente funciona.
Pois é. Se o líder populista quiser, pode ler essas palavras como uma espécie de conselho maquiavélico. Populismo tudo bem, o público em geral demanda do governo democrático, especialmente em um país com muita carência material, grande ignorância econômica e forte mentalidade estatólatra. Mas para tudo tem limite! Se o populista exagerar na dose, o próprio populismo lhe mata politicamente, pois quando o custo da farra chegar, o público vai culpar somente o líder, esquecendo que lá atrás votou no populismo.
Culpar Dilma apenas pela desgraça que se abate sobre o Brasil é fingir que ela e o PT não foram eleitos por quatro mandatos seguidos. Sim, há a questão da urna eletrônica, do abuso da máquina estatal, da compra de votos, dos militantes (ou meliantes) dos Correios, tudo isso. Mas não dá para ignorar que uma enorme quantidade de gente simplesmente pedia mais e mais populismo, assistencialismo, gastos públicos, crédito fácil, casa subsidiada.
Não importa que Dilma tenha inúmeros cúmplices. O que importa, agora, é que ela pagará o pato, culpada pelos eleitores pela situação em que o país se encontra, fruto do populismo. Faltou equilíbrio à Dilma. Ela exagerou na dose do populismo. Agora toma xixi na cara!
Rodrigo Constantino

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