sexta-feira, 27 de fevereiro de 2015

Alexandre Garcia- País doente

Ontem passei por duas mulheres na calçada e pude ouvir a frase de uma delas: “Meu sonho é ter muito dinheiro, mas sem trabalhar”. FiqueI com vontade de me meter na conversa e dizer: “Senhora, dinheiro sem trabalhar, só roubando.” A reflexão me fez lembrar do dinheirão que circulou no Petrolão, e o único trabalho foi escolher empreiteiras para obras na Petrobras. 

É oportuno recordar isso, porque no sul do país camioneiros fazem paralisações em protesto pelo elevado preço dos combustíveis, que está caindo no mundo inteiro, porque despencou para menos da metade o preço do petróleo. Aqui no Brasil, não. Tem que tapar o rombo das medidas populistas e burras, mais a safadeza. Ter dinheiro sem trabalhar não ocorreria a um japonês ou a um alemão. 

Eles buscariam a justificativa para ganhar dinheiro e só a encontrariam no trabalho. Mas por aqui muita gente deixou de trabalhar em obra de hidrelétrica porque é mais fácil o ócio com bolsa-família. Outros buscam imitar as espertezas dos mais graúdos, ladrões de gravata. Filas imensas nas loterias mostram o quanto gostamos de apostar num papelzinho, em vez de apostar em nós mesmos. Felizmente também temos milhões de exemplos a provar que o trabalho compensa.

 Infelizmente, os modelos do governo mostram que alguém vai prover, e que é preciso aproveitar o populismo, a demagogia, porque, afinal, a parte do país que trabalha e paga imposto garante a sobrevivência do ócio. Mas não há como manter isso para sempre. Lula pregou o consumismo para o Brasil sair da crise mundial. Pensou que consumismo substituiria investimento. Piorou. O mundo se recupera e o Brasil afunda. O país ficou sem investimento, porque não sobrou poupança e agora o consumo sofre restrições porque o crédito ficou mais caro e os preços foram inflacionados. 

O Instituto Data Popular pesquisou as compras da classe C, a chamada “classe média emergente” - de 2.900 reais de renda mensal - e descobriu que 47% estão comprando menos no supermercado. E só 12% enchem mais o carrinho. Não há outra forma de criar riqueza a não ser pelo trabalho. O governo só gasta e administra a riqueza gerada pelos impostos - que, por sua vez, são gerados pelo trabalho. Esperto, o governo cobra imposto sobre a produção, mesmo que ela ainda não exista. Uma indústria, antes de produzir seu primeiro produto, já pagou muito imposto. 

Um comércio tem que pagar tributos para se estabelecer e gerar emprego, antes mesmo de faturar o primeiro real. Um prestador de serviço gera imposto antes mesmo de atender seu primeiro cliente. Até o doente paga imposto altíssimo sobre o remédio de que necessita. Enquanto México, Colômbia, Estados Unidos e outros país não cobram um centavo sequer de imposto sobre remédio, o doente, aqui, arca com quase 34% para o governo. Não parece que uma doença acomete o Brasil? 

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