terça-feira, 13 de janeiro de 2015

Instituto Liberal- A opção de Tarso Genro

A opção de Tarso Genro

*Guilherme Macalossi
tarso charlie
“Ser ou não ser Charlie é questão de opção”, disse Tarso Genro em seu twitter. A fala, mais do que uma opinião, é sintoma de um método. Poucas pessoas tem a capacidade de Tarso de condensar a patifaria intelectual de modo tão articulado quanto ele. O que na boca de um Vicentinho seria visto como ópera-búfa, na dele ganha contornos de tese acadêmica.
Derrotado na sua tentativa de reeleição, o agora ex-governador do RS anunciou sua aposentadoria das disputas eleitorais, trocando pleitos pela militância interna no PT. Se a administração pública fica aliviada, o mundo das ideias treme de pavor.
Uma das teses defendidas por Tarso é a da malfadada “regulação da mídia”. A fixação obsessiva pelo tema fez com que se tornasse até ação de governo. Durante seu mandato, torraram 400 mil reais do erário para contratar uma pesquisa que avaliava se o jornal Zero Hora era isento. Não sei a que conclusão chegou a pesquisa, só sei que eu cheguei a conclusão de que Tarso Genro quer colocar os irmãos Kouachi para definir a pauta dos jornais.
Os petistas não querem democratizar a mídia. Quisessem, dariam cabo do instrumento que verdadeiramente impede que haja mais informação livre no país: o monopólio estatal da concessão de sinal de rádio e televisão. É o governo, não os grandes veículos, que impede que mais jornais e mais emissoras, dentro das regras de mercado, ofereçam ao público a diversidade necessária. Não há democratização possível quando a transmissão de um sinal de TV depende da autorização de um departamento governamental subalterno aos interesses políticos.
A proposta defendida pelo partido da Presidente da República, entretanto, passa longe dessas questões, aprofundando o atual problema com uma ofensa aos mais basilares direitos de propriedade. Ela pretende obrigar que redes desfaçam-se de seus diversos canais, impedindo-as de manter, concomitantemente, por exemplo, TV, Rádio e Jornal. Seria o esfacelamento da Rede Globo, do Grupo RBS, entre outros. Some isso as cada vez mais restritas e reguladas propagandas privadas em contraposição a abundância de anúncios do próprio governo, estão dadas as condições para que a chamada “democratização” não passe de uma expressão charmosa para o mais descarado enfraquecimento do jornalismo.
Concordo com o ex-governador quando ele assevera que “ser ou não ser Charlie é questão de opção”. Ser ou não ser Charlie é optar entre o império da lei e a barbárie. É optar pela liberdade de expressão ou pela expressão do autoritarismo. É optar pelos fundamentos que consagraram nossas liberdades ou pelo fundamentalismo que as quer aniquiladas. O sonho de Tarso, e de outros que pensam como ele, é que cada Charlie Hebdo vire um Granma de turbante, e que a mídia nacional se dobre ante o califado da companheirada.
*Bacharel em Direito pela UCS e estudante de jornalismo na UNISINOS. É apresentador do programa Confronto, na Rádio Sonora FM.

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