quinta-feira, 15 de janeiro de 2015

Caio Blinder- A longa marcha

Na preguiçosa coluna que estaciono durante minhas férias está escrito que mesmo na dolce vita não deixo de ler meu guru de economia, Martin Wolf, do Financial Times. O guru fugiu de sua área para falar do terror islâmico em Paris, com boas sacadas (aqui o texto integral). Vou compartilhar em português apenas as recomendações de Martin Wolf, que não se considera um “expert” na questão, mas um cidadão de uma democracia liberal que ele deseja que continue assim.
Wolf  salienta que derrotar fanáticos é difícil. Matar ideias é difícil. Matar ideias religiosas, nem se fala. Ele lembra que as ideias de Martinho Lutero desencadearam 130 anos de guerras religiosas  na Europa, algo inquietante. Portanto, as respostas de Martin Wolf são:
1) Aceitar que nós estamos jogando um longo jogo de contenção.
2) Reconhecer que o coração da luta não está no Ocidente (está dentro do mundo islâmico). O Ocidente pode ajudar, mas não ganhar a guerra.
3) Oferecer a ideia viva da igualdade como cidadãos como alternativa à jihad violenta.
4) Saber responder às frustrações de muitos.
5) Aceitar a necessidade de medidas que proporcionem mais segurança, mas conscientes da impossibilidade de segurança absoluta.
6) Permanecer fiel às crenças da democracia liberal.  Sem elas, não temos nada a oferecer na luta. Não podemos abandonar o império da lei e o repúdio à tortura.
Esta semana, o leitor Ronaldo perguntou na coluna se eu mantenho minha posição de que o terror islâmico é mais uma ameaça à vida do que uma ameaça existencial à civilização. Eu respondi que sim e endosso o final do texto de Martin Wolf, argumentando que os fanáticos islâmicos querem fazer mal, mas a ameaça que eles representam não é comparável às que a democracia liberal sobreviveu no século 20 (nazismo e comunismo). Devemos reconhecer os perigos, mas não exagerá-los. No fim, estes perigos passarão.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.