segunda-feira, 1 de dezembro de 2014

Portal Libertarianismo- Algumas pessoas usam o Estado como seu instrumento de coerção.

Algumas pessoas usam o Estado como seu instrumento de coerção.
A maioria dos norte-americanos está de acordo no que tange aos objetivos básicos das políticas econômicas: crescimento econômico e prosperidade, pleno emprego, estabilidade de preços, ambiente estável para negócios, paz e harmonia social. Eles concordam, até mesmo, quanto à necessidade de ajuda e apoio aos pobres. Concordam com os fins econômicos, mas diferem nitidamente em alguns – mas não todos – os meios que deveriam ser usados para alcançá-los.
Alguns norte-americanos optam por uma linha “ativista”, utilizando o poder do aparato governamental para ordenar, coagir, punir,tributargastar via déficits e por meio de política monetária expansionista de forma a obter seus fins. Eles recorrem ativamente ao governo para alcançar seus fins econômicos. Outros indivíduos, embora comprometidos com os mesmos objetivos, buscam melhorar sua situação confiando menos na política. Eles preferem reduzir o envolvimento do governo na economia, remover as restrições políticas e evitar os estimulantes artificiais do governo. Além disso, colocam sua confiança na operação livre e eficiente do mercado.
A diferença entre os dois grupos advém de percepções e concepções diferentes sobre a vida social. De acordo com a filosofia social mais popular de nosso tempo, a ordem de mercado é afligida por um conflito irreconciliável entre os interesses do “capital” e do “trabalho”. A propriedade privada dos meios de produção e a iniciativa privada beneficiam somente uma pequena classe de capitalistas enquanto prejudicam a grande maioria da classe trabalhadora.
Essa filosofia conflitante que deve sua grande popularidade aos escritos de Karl Marx e seus admiradores norte-americanos é adotada não somente por marxistas de carteirinha, mas também por muitos supostos antimarxistas e autointitulados defensores do livre mercado. É a filosofia social oficial dos grandes partidos e de seus candidatos. Eles podem discordar sobre os problemas básicos doaborto e do uso de drogas ou em algumas questões pontuais como o imposto sobre os ganhos de capital ou a taxa de depreciação; contudo, sustentam a tese de que o sistema econômico capitalista gera conflitos econômicos e, portanto, deveria ser abolido ou, pelo menos, administrado cuidadosamente em nome da justiça social. Os comunistas e os socialistas procuram abolir o sistema sumariamente; seus parentes ideológicos aceitam prontamente a doutrina do conflito, mas deploram o suposto conflito, e querem aliviá-lo com as reformas que recomendam.
Nas últimas décadas, o dogma do conflito econômico ofereceu o recurso intelectual para doutrinas derivadas do conflito racional, conflito de gêneros, e conflito juvenil das décadas de 1960 e 1970. Eles, também, dividem a sociedade em classes distintas, de exploradores e explorados, formando organizações que intervêm ativamente no Congresso.  Ouvir debates econômicos no Congresso dos Estados Unidos é dar ouvidos a acusações agudas de exploração e lamentação de uma assembleia de vítimas.
Nós rejeitamos e repudiamos o dogma do conflito. Acreditamos piamente que a ordem estabelecida pela propriedade privada é harmoniosa, isenta do conflito social e econômico. Nas palavras de Adam Smith, ela é guiada pela “mão invisível” a qual transforma a busca individual de lucro em benefício público e, por meio disso, harmoniza os interesses de todos os membros da sociedade, independente da classe, raça, gênero ou idade. O que gera tal harmonia é a maior produtividade oriunda da cooperação e divisão do trabalho. Dois indivíduos trabalhando juntos são mais produtivos do que dois trabalhando isoladamente.
Duzentos milhões de norte-americanos trabalhando juntos – naespecialização de suas tarefas produtivas e na produção de larga escala – são mais produtivos per capita do que um número menor. Graças a essa cooperação, a oferta de bens e serviços tende a se multiplicar, o que aumenta o seu padrão de vida, além de suas condições laborais. Tal ação remove todos os traços de conflito social.
É interesse de todo o indivíduo preservar e estender a cooperação social e a divisão do trabalho. Com a propriedade privada e a liberdade, todo o indivíduo recebe o dinheiro equivalente a sua contribuição ao processo produtivo. Mesmo no caso de você ser empregado de um empregador capitalista, a concorrência entre empregadores, a liberdade de os trabalhadores venderem sua mão-de-obra ao maior pagador, e a opção de trabalhar por conta própria, todas essas características da ordem de mercado asseguram que todos receberam um salário justo. Não pode haver exploração em um mercado de trabalho livre.
Os “ativistas” que utilizariam o aparato político para comandar e direcionar a vida econômica rejeitam sumariamente as explicações do parágrafo anterior. Eles normalmente comparam a vida econômica à vida numa floresta, na qual uma criatura caça outra e somente o mais forte sobrevive. Dialogar com os ativistas sobre i)princípios econômicos inexoráveis que regem a vida humana e ii) a harmonia dos interesses de todos os seres humanos é uma forma real de auto ilusão, já que [os ativistas] são rápidos no questionamento dos próprios motivos de qualquer pessoa que duvida da conveniência do uso do aparato político na vida econômica.
Seus porta-vozes na mídia não hesitam em acusar os discípulos da harmonia de serem inimigos do crescimento econômico e da prosperidade, da paz e da harmonia, além de partidários da inflação, do desemprego e da poluição ambiental. Discordar dos meios a serem empregados acarreta na condenação dos fins pretendidos.
Os comentaristas do conflito que podem se autodenominar “esquerdistas” ou “moderados” podem ir mais além. Eles podem também rejeitar o livre mercado por razões éticas, considerando-o um sistema injusto e amoral. Para eles, o critério de moralidade é a vontade, o desejo e a intenção das pessoas, manifestados pela maioria dos votos. Eles atribuem grande valor à obediência individual e às restrições impostas aos indivíduos por decisões majoritárias. O estado é o seu instrumento de coerção, o juiz supremo da integridade e da moralidade.
Na verdade, a opinião e o julgamento da maioria não são a prova final do que é certo. A sabedoria e a justiça não estão sempre do lado da maioria. Na verdade, há um perigo maior aos indivíduos é a invasão de seus direitos e a restrição de suas liberdades por uma maioria arrogante e hipócrita do que as maquinações de empresários e capitalistas. O mal é mal; não é melhor por estar ligado a uma maioria.
// Tradução de Matheus Pacini. Revisão de Ivanildo Terceiro. | Artigo Original

Sobre o autor

Hans F. Sennholz
(1922-2007) foi o primeiro aluno Ph.D de Mises nos Estados Unidos. Ele lecionou economia no Grove City College, de 1956 a 1992, tendo sido contratado assim que chegou. Após ter se aposentado, tornou-se presidente da Foundation for Economic Education, 1992-1997. Foi um scholar adjunto do Mises Institute e, em outubro de 2004, ganhou prêmio Gary G. Schlarbaum por sua defesa vitalícia da liberdade.

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