Lembro dos
grandes circos que passaram por Chapecó na minha meninice, como Orlando Orfey,
Pan-Americano e Real Palácios. Porém uma marcou mais por causa de uma
tragédia...
No início da
década de 1970 um circo pequeno, bem pobrezinho, desses de lona velha e furada,
de poucos artistas, sem animais, se instalou em frente a nossa casa, ali na Rua
Marechal Bormann, atualmente Posto do Negretto. Alguns palhaços, atiradores de
facas e acrobatas animavam a platéia todas as noites, antes da grande atração
que era o espetáculo de luta livre. O lutador, alto e forte, com alguma
semelhança com Tarcisio Meira, desafiava quem da platéia quisesse enfrentá-lo
em vigoroso combate. Como minha mãe lavava as roupas da dona do circo eu tinha
acesso livre, e gostava de ver os desafios.
Certa noite,
após o espetáculo, o galã lutador foi ao meretrício e lá se meteu em confusão.
Pois esteve surrando alguns. Preso, estava sendo encaminhado a pé
ao presídio que ficava no bairro Santa Maria, quando foi covardemente
assassinado a tiros na Avenida Getúlio Vargas, próximo onde é hoje o Magazine
Piana, por um homem que havia apanhado dele anteriormente no meretrício. A
vítima estava algemada, sem poder se defender. Morreu na hora, não houve tempo
para nada.
Recordo da
proprietária do circo chorando pela perda do jovem amigo e colaborador. No
momento do enterro nos alto-falantes tocava Silêncio, o que aumentava ainda
mais
a emoção do
momento. Foi difícil não chorar. Eu chorei.
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