segunda-feira, 18 de agosto de 2014

MEMÓRIAS DA MINHA INFÂNCIA- O CIRCO QUE MARCOU

Lembro dos grandes circos que passaram por Chapecó na minha meninice, como Orlando Orfey, Pan-Americano e Real Palácios. Porém uma marcou mais por causa de uma tragédia...

No início da década de 1970 um circo pequeno, bem pobrezinho, desses de lona velha e furada, de poucos artistas, sem animais, se instalou em frente a nossa casa, ali na Rua Marechal Bormann, atualmente Posto do Negretto. Alguns palhaços, atiradores de facas e acrobatas animavam a platéia todas as noites, antes da grande atração que era o espetáculo de luta livre. O lutador, alto e forte, com alguma semelhança com Tarcisio Meira, desafiava quem da platéia quisesse enfrentá-lo em vigoroso combate. Como minha mãe lavava as roupas da dona do circo eu tinha acesso livre, e gostava de ver os desafios.
Certa noite, após o espetáculo, o galã lutador foi ao meretrício e lá se meteu em confusão. 
Pois esteve surrando alguns.  Preso, estava sendo encaminhado a pé ao presídio que ficava no bairro Santa Maria, quando foi covardemente assassinado a tiros na Avenida Getúlio Vargas, próximo onde é hoje o Magazine Piana, por um homem que havia apanhado dele anteriormente no meretrício. A vítima estava algemada, sem poder se defender. Morreu na hora, não houve tempo para nada.
Recordo da proprietária do circo chorando pela perda do jovem amigo e colaborador. No momento do enterro nos alto-falantes tocava Silêncio, o que aumentava ainda mais
a emoção do momento. Foi difícil não chorar. Eu chorei.


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