quarta-feira, 3 de dezembro de 2014

Caio Blinder- A geopolítica da corrupção (do Brasil para a China)

Vamos relembrar: o estudo anual da ONG Transparência Internacional é sobre percepção de corrupção e não sobre a quantidade/qualidade de sua prática. Obviamente, nada para celebrar com o progresso brasileiro no ranking divulgado nesta quarta-feira. O Brasilbras ficou em 69º lugar entre 175 países, obtendo 43 pontos no índice que mede a percepção da corrupção. A escala vai de 0 (extremamente corrupto) a 100 (muito transparente).
O país com a percepção de menos corrupção é a Dinamarca. No meu infame trocadilho shakesperiano, existe algo de menos podre no reino da Dinamarca. Sem trocadilho, empatadas na lanterna estão as infames Somália e Coréia do Norte.
Como salienta o texto de VEJA. com, o resultado brasileiro representa uma melhora de três posições em relação ao ranking do ano passado, quando o país ficou na 72ª colocação, mas mantém o Brasil no grupo de alerta, composto pelas nações que não conseguiram alcançar 50 pontos – metade da pontuação máxima. Para a Transparência Internacional, o Brasil é um exemplo de estagna ção na luta contra a corrupção.
Nenhum consolo para a pátria, mas a China deu um vexame no índice deste ano. A percepção de corrupção na segunda economia mundial teve uma piora de 20 posições, apesar (ou a ela devido) da brutal campanha anticorrupção (uma suposta revolução cultural) do presidente Xi Jinping, que não poupou gente nem nos intestinos do regime.
Pelos menos 75 mil camaradas dos 86 milhões de membros do Partido Comunista foram investigados por corrupção. De acordo com o jornal South China Corning Post, de Hong Kong, 27% foram punidos.
A China foi da posição 80 para a 100. Brasil, Rússia, Índia e China, o time de ouro dos emergentes (o bloco BRIC), estão posicionados no patamar dos 2/3 dos países com maior percepção de corrupção. Outro campeão entre os emergentes, a Turquia, teve um aumento substancial da percepção, com uma piora de 11 posições.
Nada disso impediu que os eleitores dessem os ombros a uma cascata de denúncias de escândalos envolvendo a família e o ministério do todo poderoso Recep Erdogan (agora presidente).  Erdogan combate a percepção de corrupção com um expurgo de quem faz investigações na polícia e no judiciário, além de amordaçar ainda mais a imprensa.

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