segunda-feira, 8 de setembro de 2014
1985- UM ENJOADO NA PENSÃO MARAVILHA EM PORTO ALEGRE
Eu era um grande tolo, hoje pequeno tolo, muito enjoado para comer. Cheio de escolhas e nada de repolho. Isso não servia, aquilo não dava,queria só coisinha do agrado. Em 1986, quebrado por livre desperdício de todo tipo de esbanjamento e também ao trago e meretrício, fiquei sem emprego, credores na cola, fui então tentar a sorte em Porto Alegre; queria acertar minhas pendências com todos, foi minha intenção ao começar tudo de novo. Pensei que sem pressão seria melhor para iniciar uma nova vida. Fui morar na Pensão Maravilha, na Riachuelo, no centro de POA. Quarto com 2 camas e 1 beliche bem sujinho, cheirando poeira e fumaça; o bichinho mais pequeno que morava por lá era uma lagartixa. Duro golpe para quem era habituado a dormir sobre lençóis limpos e cobertores cheirosos. Arrumei emprego na Gadol, Assessoria e Cobrança, na Borges de Medeiros, que ficava a poucos metros da Pensão Maravilha. Cobrava por telefone, numa sala fechada com outros 5 colegas. No intervalo de almoço caminhava pela Rua da Praia. O salário dava para pagar a pensão e quase sempre o almoço de todo dia, que não era na pensão. Lá estava eu, sem família e amigos, por minha própria culpa penando solitário. E o sujeito que não comia arroz e feijão ficava com água na boca quando não podia pagar um prato feito. Tive de almoçar algumas vezes somente pão com manteiga. Às vezes apenas um chocolatinho Refeição da Neugebauer. Foi o único período em minha vida que passei fome, e o que é pior, eu sabia que o castigo era merecido. Quando passava por uma casa de lanches ficava doido para comer um Chess e beber uma cerveja, mas não tinha grana. E aí eu me lembrava do desperdício do passado, e como aquilo doía! Nos finais de semana batia uma saudade da família, da mulher que ficara em Chapecó trabalhando para me ajudar. Foi um período de muita reflexão. Após alguns meses voltei para Chapecó, enfrentei os problemas e segui meu caminho. Mas que lição!
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