— Minha vida mudou. Antes eu conseguia fazer as minhas coisas e, de repente, precisava das pessoas para me ajudar. Tive de reaprender a fazer tudo sozinho. Hoje, levo uma vida praticamente independente, dirijo, pratico esportes, me troco, tomo banho.
Só agora vi a foto do rapaz. Veja a mobilidade de Juliano em seu triciclo e compare com sua imobilização total no exoesqueleto de Nicolelis, nas fotos publicadas em jornais. Na estrovenga bolada pelo neurocientista, seja lá o que isto quer dizer, Juliano não consegue mexer um dedo. O chute, pelo segundo que se viu na televisão, poderia ser chute ou um empurrão da perna. Não se levantou da cadeira de rodas, como estava previsto, não andou até o meio do estádio e, quanto ao chute, acredita quem gosta de acreditar. Sem a carapaça que o envolvia, provavelmente chegaria ao meio do campo plantando bananeira.
O jornal brande a grandeza da promessa, classificada quase como um milagre: munido de uma veste robótica, um paraplégico levantaria de uma cadeira de rodas, caminharia até o gramado do Itaquerão e chutaria uma bola acionando apenas a força do pensamento. Não foi o que ocorreu.
— O tempo foi muito curto para que isso acontecesse — responde Juliano. Ou seja, a própria cobaia desmente seu mentor, que assegurou no Twiter que o prometido foi entregue.
Experimentos semelhantes e bem mais viáveis estão sendo testados na Europa, diante dos quais o aparelho de Nicolelis parece pertencer à Era da Pedra Lascada: http://ec.europa.eu/information_society/newsroom/cf/dae/itemdetail.cfm?item_id=10120
No entanto, os cientistas tupiniquins parecem não ter notícias disto. Mesmo assim, a cadeira de rodas continua na vanguarda do achados da ciência do neurocientista. Isso sem falar nesses corredores de jogos paralímpicos que, com uma mola de aço substituindo os pés, correm mais rápido que um atleta normal.
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