terça-feira, 17 de junho de 2014

Alexandre Garcia- TAÇA OU URNA?

A menos de quatro meses das eleições, as pesquisas mostram que um em cada três eleitores está descrente nos partidos e nos políticos. São cerca de 46 milhões de eleitores que não querem votar, ou decidiram votar em branco ou anular o voto, ou ainda estão indecisos sobre o que fazer. Seriam esses os eleitores mais esclarecidos? Ou a elite, como virou o bordão de Lula? E por que estão assim descrentes? Seria porque os governos não deram resposta ao grito espontâneo das ruas, em junho do ano passado? 

Então por que eles não votam às ruas? Eles não voltam por medo dos violentos, black-blocs e assemelhados, que quebram e destroem. Estou cada vez mais convencido de que os arruaceiros têm um objetivo: impedir que voltem as ruas os insatisfeitos democráticos, civilizados, pacíficos. A violência tem conseguido afastar os ordeiros nessas manifestações de todos os dias de Copa. Só que, como os arruaceiros não podem entrar no estádio com sua violência, deixaram os insatisfeitos enfim livres para gritar seu protesto no estádio da abertura do torneio. 

Protesto que veio na linguagem chula de campos de futebol. Lula diz que a vaia a Dilma veio da elite; que a única com cara de povo no Itaquerão era Dilma. Como assim, então ele trouxe a Copa para a elite? Até onde imagino, elite, pelo menos financeira, no Itaquerão, estava dentro das quatro linhas do gramado: duvido que alguém do lado de fora ganhe tanto dinheiro quanto os que pisaram o gramado por 90 minutos. Enfim, ainda que muitos acertem ao descrever o futebol como o ópio do povo, o fato é que o futebol dá mais alegrias que a política. 

Neste momento, o futebol está sendo mais importante que as eleições, embora se misturem os dois, já que o governo federal induziu o país a ver a Copa como mais uma benesse oficial. Crente de que seria um sucesso absoluto e peso decisivo no resultado das eleições, o governo apostou na Copa. No Chile, um país muito politizado, Bachelet foi eleita na primeira eleição com voto facultativo. Houve 60% de abstenção. Aqui, o voto é obrigatório. Protestos violentos, não por acaso, acontecem mais em São Paulo, porque lá está uma quarta parte do eleitorado. 

Os eleitores, obrigados a votar, têm pela frente, em geral, as medíocres listas de candidatos que os partidos lhes oferecem. Mas abster-se, votar em branco ou anular, é deixar para os outros a escolha, que pode premiar os mais piores. 

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