O HOMEM FOGO
Não havia ninguém lá além dele. O branco da neve
cobria tudo, da ponta dos pés ao horizonte longínquo. Carlos Kiefer, o homem
fogo estava cansado depois de décadas de palco, labaredas e público. Ovacionado
quase sempre e às vezes vaiado quando o fogo era pouco. Tinha setenta anos e
estava só, a velha companheira havia partido há dois anos. Carlos gostava de
extremos, fogo e gelo. O fim estava próximo, a saúde debilitada e o bolso
vazio. Ergueu pela última vez os olhos
para o céu cinzento e jogou-se num buraco na neve, levando dois litros de
vodca, dez limões e um quilo de açúcar.
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