Escritores
medíocres
Essas mentes
medíocres simplesmente não conseguem se decidir a escrever como
pensam, pois
acham que depois o resultado poderia adquirir uma aparência muito
simplória.
[...] Desse modo, apresentam o que têm a dizer com construções forçadas e
difíceis,
neologismos e períodos extensos, que circundam o pensamento e acabam por
ocultá-lo.
Oscilam entre o esforço para comunicá-lo e aquele para escondê-lo. Querem
guarnecer o
texto de modo que ele adquira uma aparência erudita ou profunda, para
que as
pessoas pensem que ele contém muito mais do que se consegue perceber no
momento da
leitura. Sendo assim, esboçam partes do seu pensamento em expressões
curtas,
ambíguas e paradoxais, que parecem significar muito mais do que dizem
(exemplos
excelentes desse gênero encontram-se nas obras de Schelling sobre a filosofia
da
natureza); logo voltam a apresentar seus pensamentos com uma torrente de
palavras
e uma
verbosidade insuportável, como se fossem necessárias sabe-se lá quais medidas
para tornar
compreensível seu sentido profundo, enquanto, na verdade, trata-se de uma
ideia
bastante simples, para não dizer até trivial (Fichte, em seus escritos
populares, e
centenas de
imbecis miseráveis que não merecem ser nomeados, em seus manuais
filosóficos,
oferecem exemplos em abundância).
Schopenhauer
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