MATILDE
Mesa de bar. A fumaça dos cigarros deixa o ambiente
sombrio. Baralho, tagarelas em ação, a língua se solta. Envolvido pela
embriaguez o verme abre sua caixa de segredos para companheiros de aguardente.
Conta à história da esposa Matilde que há anos foi embora, mas que na verdade
não foi, tranco na cabeça, jaz enterrada num lugar ermo. Todos riem, acham
brincadeira, mas um deles leva a sério. No dia seguinte ele conta o segredo
para um amigo, que também tem um amigo policial e antes da seis da tarde o
crápula já estava encarcerado contando tudo. Oito anos se passaram do fato, os
timbós verdejantes balançam ao vento, máquinas em ação, cavouca aqui e ali, então
quase desaparece o timbozal, tantos buracos na paisagem. Uma multidão acompanha
e aguarda. No segundo dia surgem ossos, um vestido vermelho e uma sandália de
couro cru. Matilde ali posta, Matilde morta, Matilde agora ossos e pó
finalmente terá sua justiça.
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