sábado, 13 de abril de 2019



VELÓRIO TOUR

Na década de 1960/ 1970 poucos tinham automóveis na minha Chapecó. Então todo enterro tinha serviço de transporte de ônibus para familiares e amigos.  Era importante que todos pudessem ir até o campo santo para dar o último adeus aos que partiam. Havia também o fato de quanto mais gente no enterro, mais considerado era o defunto.  Mas havia um caso especial; as irmãs Martinez; Ana, 11, Cláudia, 13, e Mirtes, 14. Fosse onde fosse o velório não faltavam às irmãs Martinez, com suas carinhas sérias e olhos lacrimejantes.   Com chuva ou sol, longe ou perto, lá estavam. Acredito que na maioria das vezes nem sabiam quem era o falecido; o negócio delas era rodar.  Olhava-se para o ônibus e lá estava o trio curioso grudado nas janelas rumando ao cemitério. O falecido era o que menos interessava; o importante era passear de coletivo, ter coisas para contar. Elas cresceram, foram embora do lugar, os tempos são outros, não vejo mais ônibus nos enterros e nem as irmãs pelas ruas.

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