O VELHO INÁCIO E O DIABO
Noite escura e temporal daqueles, luzes piscando e
o vento zunindo. O velho Inácio está sozinho em casa. Batem. Ele atende, na
porta está um sujeito vermelho, com chifres e rabo.
-Inácio Brandão?
-Sim.
-Sou o diabo, vim para levá-lo.
-Você disse quiabo? Que nome estranho!
-Não é quiabo, é diabo!
-Pois é o que estou dizendo, quiabo! Mas que tipo
de quiabo?
-Você não vê que sou vermelho, tenho chifres e rabo
pontudo?
-É fantasia? Muito bem feita.
-Velho tonto, eu venho do inferno, o reino do fogo
eterno.
-Entendo que o senhor vem do inverno, e inverno é
fogo mesmo. São Joaquim?
-Duro de entender, não é?
-O quê?
-Que sou satã.
-Maçã? São Joaquim terra da maça? É isso? Mas o que
é que o senhor quer aqui em São Paulo? Está vendendo maçã?
-Deixa para lá. Vai para o céu seu velho filho da
puta!
E o diabo se mandou enquanto grossa chuva caía.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.