Flinto, 30, gostava de passar seus dias sentado na
calçada e com o lombo encostado no muro da igreja. Tinha até o lombo já
impresso no reboco. Saí dali quando
chovia e no mais ali contava passantes, automóveis e observava o céu, suas
nuvens e pássaros. Às vezes reunia ali alguns amigos de vadiagem para fumar
maconha e beber cachaça, só não me peçam como arrumava dinheiro para isso, já que
trabalhar para ele era uma ofensa. Quando o cansaço era demais ele se deitava
na calçada para observar a bunda das passantes, distração apenas, pois já
estava mais impotente que uma Maria-Mole. Não esperava o tempo passar, o tempo
é que esperava por ele. Pois um dia desses, Flinto deitado, um ventinho de nada
derrubou o muro sobre ele. Pois aconteceu que Flinto se foi sem dizer um ai.
Podemos dizer que apesar da sua aversão à dura labuta, morreu no trabalho de
vadiar.
sábado, 2 de junho de 2018
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