segunda-feira, 27 de agosto de 2018

O TRABALHO DA MORTE


A morte saiu a trabalhar naquela tarde para escolher suas vítimas como sempre fez. Brancos ou negros, mulheres ou homens, crianças ou velhos. A morte escolhe, a morte executa. Não existe alerta à vítima, não diretamente. Numa esquina movimentada parou e ficou observando com atenção um homem de meia-idade que comia uns churros. Apontou para seu coração e o homem sofreu um infarto fulminante. Apanhou um ônibus e foi para o outro lado da cidade. Desceu e entrou num velório. “É daqui que levarei o próximo, disse para si. ” Mirou num jovem franzino amigo do defunto que ora se velava. Observou que o fígado do rapaz já estava em estado lastimável.  Mexeu seus pauzinhos e o pobre caiu sobre o caixão; o quase morto e o defunto foram ao piso.  Saiu da funerária e foi ao cinema.  Sentou-se ao lado de um velhinho, soprou seu hálito funesto e o octogenário caiu sem dizer ai. A morte olhou para o relógio que marcava 18 horas. Não estava a fim de fazer horas extras. Ajeitou-se na poltrona e ficou no aguardo da próxima sessão.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.