O escritor, a cadeira dura, o computador, a tela
branca e a inspiração que falha. Ele precisa escrever um conto para pagar suas
contas (maldito trocadilho) e não há uma só ideia batendo à porta. Caminha,
fuma, bebe e fuma, força o pensamento e nada de interessante se apresenta à
mente. Sai da casa (que fica no interior, lugar sossegado) e olha para o grande
verde em volta cheio de cantares, admira a limpidez d’água do riacho pedregoso
que corre ali pertinho onde sempre que pode pesca jundiás. O nada criar acirra
a ansiedade, os cigarros entram e saem dos lábios com maior rapidez. Há
pequenos mosquitos incomodativos que ele espanta com fumaça solta em espiral.
Sentado num tronco observa a chegada da noite e fica pensando como será o seu
amanhã. A lua no céu olha para ele e ri com brilho. Na mente enumera assuntos
para ver se algum deles responde ao chamado. Nada, nada, nada... Entra na casa
novamente, vai até quarto e abre a última gaveta da cômoda. De lá retira um
estojo de madeira e o coloca sobre a cama. Retira a arma do estojo, carrega
cinco projéteis e então alisa o revólver. Fica absorto por alguns minutos com
os olhos no Taurus. Então vai a busca de sua potente lanterna, apanha umas
iscas no latão e sai para pescar.
Na trilha olha para trás e grita: foda-se a
inspiração!
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.