Manuel,
setenta e cinco anos. Morava ele numa chácara em lugar ermo. Viúvo e com um só filho
que estava na prisão , não tinha telefone, TV e nem vizinhos. Gostava de viver
assim, amigo da solidão. Nunca ficou doente, não ia ao médico. Naquela noite
repousava ao entardecer na cama quente. Fora das cobertas o frio era intenso.
Na madrugada o corpo quente foi ficando frio e finalmente gelou. O defunto
ficou abandonado na cama por alguns dias e ninguém notou sua falta. Ou melhor,
o gato Bidu sentiu, mas também morreu logo, não de frio, mas de fome. Sem
receber visitas, quem achou o cadáver do velho e levou um grande susto foi o
funcionário do banco que lá foi, triste ironia, para renovar seu seguro de
vida.
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