Há muitos anos uma carta anônima recebida
pelo Promotor Público Roberval Sintra levantou suspeita de envenenamento na
morte do senhor Demóstenes Sotero, fazendeiro mais conhecido na sua cidade como
o “perfeito avarento”. Homem de
muitas posses, sua viagem sem retorno seria interessante para muitos parentes,
mas não foi. Esperavam pela herança que não veio. Fez doação de todos os seus
bens para suas amantes. Aos parentes, nada. O juiz Carlos Raul então determinou
que o corpo fosse desenterrado para nova perícia. Cidade pequena, grande
assunto. O povo, sempre curioso, invadiu o cemitério. Até parecia quermesse paroquial. Não faltaram vendedores de garapa, picolé e
milho verde; moças de vestidos novos e lábios vermelhos. Quando foi aberto o
caixão, surpresa para todos: O corpo estava deitado de lado, a língua de fora,
como se estivesse assim para molhar os dedos e contar dinheiro. Em suas mãos
havia milhares de reais em notas mofadas e puídas. Moedas de ouro pularam dos
bolsos quando mexeram com ele. Alguns parentes, espichando os olhos, contavam
com tristeza a pequena fortuna que poderia ser deles. Alguns até choraram.
Porém nada foi constatado e o assunto foi encerrado. Passado alguns anos, os
parentes em suas conversas reservadas lembram ainda com saudade doída daquelas
notas, daquelas moedas...
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“Quando a fome é grande não tem jeito, precisamos apelar. Ontem peleei com um hipopótamo. Quase perdi o pelo.” (Leão Bob)
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