A compreensão humana não é um exame
desinteressado, mas recebe infusões da vontade e dos afetos; disso se originam
ciências que podem ser chamadas” ciências conforme a nossa vontade”. Pois um
homem acredita mais facilmente no que gostaria que fosse verdade. Assim, ele
rejeita coisas difíceis pela impaciência de pesquisar; coisas sensatas, porque diminuem
a esperança; as coisas mais profundas da natureza, por superstição; a luz da experiência,
por arrogância e orgulho; coisas que não são comumente aceitas, por deferência
à opinião do vulgo. Em suma, inúmeras são as maneiras, às vezes imperfectíveis,
pelas quais os afetos colorem e contaminam o entendimento.
Francis Bacon, Novum Organon (1620)
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